O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) recomendou a internação
provisória, por 45 dias, do aluno de 14 anos que abriu fogo dentro do
Colégio Goyases, em Goiânia. Dois estudantes morreram e quatro foram baleados.
Segundo o promotor de Justiça Cássio Sousa Lima, que ouviu o menino na
tarde deste sábado (21), na Delegacia de Polícia de Apuração de Atos
Infracionais (Depai), a medida tem como intuito proteger o adolescente.
"Eu tomei a medida de representar pela internação provisória dele por
45 dias até que termine o processo. Essa medida deve ser retocada de
certos cuidados em virtude de ser filho de policiais militares para não
colocar no meio de elementos perigosos que possam causar algumas
represálias", disse o promotor à TV Anhanguera.
O promotor também acredita que o menor tenha planejado o crime e que
efetuou os disparos porque era alvo de bullying no colégio . "Eu
conversei com ele e ele falou que vinha sofrendo esse tipo de bullying e
queria dar uma certa represália nos colegas dele", disse.
Lima destacou que o adolescente demonstrou arrependimento. A ele, o
estudante contou como encontrou a arma, que pertence a sua mãe. "A arma
estava bem escondida com chaves, gavetas trancadas, e ele vasculhou a
casa até encontrar. Ele encontrou a chave e teve acesso a essa arma",
afirmou.
O menor está uma cela separada, equipada com colchão, e que acomoda até quatro pessoas.
O crime aconteceu na manhã de sexta-feira (20), no Conjunto Riviera.
Além das mortes de João Vitor Gomes e João Pedro Calembo, ambos de 13
anos, outros quatros alunos, da mesma sala, foram baleados e estão
internados.
O que se sabe até agora:
Veja a sequência dos fatos:
- Colegas relatam que ouviram um barulho
- Em seguida, os alunos viram o adolescente tirando a arma da mochila e atirando
- Alunos correram para fora da sala de aula
- O aluno descarregou um cartucho, carregou o segundo e deu um tiro, mas foi convencido pela coordenadora a travar a arma
- Estudante foi levado para a biblioteca até a chegada dos policiais
Bullying
O coronel da Polícia Militar Anésio Barbosa da Cruz informou que o
autor dos disparos era alvo de chacotas de colegas. “Ele estaria
sofrendo bullying, se revoltou contra isso, pegou a arma em casa e
efetuou os disparos”, disse.
Um aluno de 15 anos, que estava na sala no momento do tiroteio, também contou que o adolescente era vítima de piadas maldosas.
"Ele sofria bullying, o pessoal chamava ele de fedorento, pois não usa desodorante.
No intervalo da aula, ele sacou a arma da mochila e começou a atirar.
Ele não escolheu alvo. Aí todo mundo saiu correndo", relatou o
estudante.
Segundo a Polícia Civil, o garoto contou que se inspirou nos massacres de Realengo, no Rio de Janeiro, e de Columbine, nos Estados Unidos.
Enterros
Os corpos de João Pedro e João Vitor, mortos no atentado, foram enterrados neste sábado (21), em cemitérios de Goiânia.
O primeiro a ser enterrado foi João Pedro. O sepultamento ocorreu às
10h45 no cemitério Parque Memorial. Durante a cerimônia, a família fez
orações e, por volta 9h, celebrou um culto em homenagem ao adolescente.
Durante o velório de João Pedro, o
pai dele, o publicitário Luciano Marcatti Calembo disse que perdoa, e
espera que a sociedade também perdoe o adolescente que tirou a vida do
filho dele e do colega de sala, João Vitor. O publicitário Luciano Marcatti Calembo pediu que todos os pais "cuidem de seus filhos".
"Falo como pai do João Pedro, de uma criança que perdeu a vida. Eu
espero que toda a sociedade e os pais dele e os outros pais o perdoem.
Temos que perdoá-lo", disse, emocionado.
Já o corpo de João Vitor foi enterrado no Cemitério Jardim das Palmeiras, por volta das 11h20. Segundo colegas da vítima, ele e o atirador eram amigos e andavam juntos com frequência.
Feridos
Três alunos que ficaram feridos estão internados no Hospital de
Urgências de Goiânia (Hugo). Outra menina baleada foi levada ao Hospital
de Acidentados.
- Yago Marques – 13 anos - Foi atingido no tórax com menor gravidade e não precisou passar por cirurgia. Ele respira normalmente, está acordado, conversando e internado na enfermaria.
- Isadora de Morais – 14 anos - Internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hugo. Ela levou um tiro no tórax que perfurou o pulmão, passou por uma cirurgia para drenagem do tórax e está em estado grave, na UTI e respirando com ajuda de aparelhos. Ela está sedada e ainda corre risco de vida.
- Lara Fleury Borges – 14 anos - Está internada na enfermaria do Hospital dos Acidentados em estado estável e repirando espontaneamente.
- Marcela Rocha Macedo – 13 anos - Ela também foi baleada no tórax, teve o pulmão esquerdo perfurado, passou por cirurgia e foi transferida para um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para melhor observação. A paciente está consciente e respirando sem ajuda de aparelhos.
G1