O Senado
aprovou nesta segunda-feira (30) o projeto que prevê concessão de auxílio
emergencial de R$ 600 a trabalhadores informais e de R$ 1.200
para mães responsáveis pelo sustento da família.
O chamado
"coronavoucher" será pago em três prestações mensais, conforme texto
votado no Senado. O projeto foi aprovado por unanimidade, com 79 votos a
favor. Agora, só depende de sanção do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
A
proposta havia sido aprovada na última quinta-feira (26) em votação simbólica e
remota na Câmara. Inicialmente, a equipe econômica queria conceder R$ 200 aos
informais. Na terça, admitiu elevar o valor a R$ 300.
O
presidente Jair Bolsonaro decidiu anunciar o aumento no valor do auxílio que o
governo pretende dar a trabalhadores informais para R$ 600 para tentar esvaziar
o discurso da oposição no Congresso e retomar protagonismo sobre a medida.
O impacto
do auxílio de R$ 600 deve ficar em R$ 44 bilhões durante o período em que a
medida vigorar, segundo integrantes da equipe econômica.
Ainda não
foi definido o cronograma para pagamento do auxílio emergencial, mas o
calendário terá os mesmos moldes do utilizado para o saque-imediato do FGTS, de
acordo com o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães.
Clientes
da Caixa deverão receber os depósitos diretamente nas suas contas bancárias,
também como ocorreu no saque-imediato, Correntistas
e poupadores de outros bancos poderão optar por transferir os valores para suas
contas sem a cobrança da transferência, segundo Guimarães.
A intenção do auxílio é amenizar o impacto da crise do coronavírus sobre a
situação financeira dos trabalhadores e das mães que são chefes de família.
No
Senado, o relator do projeto, senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), fez
mudanças de redação para evitar que a proposta voltasse para a Câmara. Para
ele, os números de pessoas contaminadas com a doença são subestimados e devem
ser 15 vezes maiores.
Uma das
alterações permite que a medida contemple intermitentes, ao vedar o recebimento
do auxílio apenas para quem possuir emprego formal ativo.
Outro dispositivo emendado prevê que autônomos informais também sejam incluídos na parte que trata de trabalhadores informais.
Outro dispositivo emendado prevê que autônomos informais também sejam incluídos na parte que trata de trabalhadores informais.
Além
disso, o texto de Vieira estabelece que os trabalhadores não inscritos no
Cadastro Único até 20 de março, uma das condições para receber o auxílio,
poderão acessar o benefício por autodeclaração.
O projeto
prevê prorrogação do período de três meses por ato do Executivo, enquanto durar
a crise.
Para
receber o auxílio, o trabalhador não pode receber aposentadoria,
seguro-desemprego ou ser beneficiário de outra ajuda do governo. Também não
pode fazer parte de programa de transferência de renda federal, com exceção do
Bolsa Família.
Segundo o
projeto, até dois membros da família terão direito ao auxílio. Se um deles
receber o Bolsa Família, terá que optar pelo benefício que for mais vantajoso.
Caso
escolha o auxílio, o Bolsa Família fica suspenso durante o período em que
vigorar a ajuda emergencial. As mães solteiras receberão duas cotas, também por
três meses, com a mesma restrição envolvendo o Bolsa Família.
O
dinheiro será pago por bancos públicos federais em conta-poupança digital. A
instituição financeira poderá abrir automaticamente a conta em nomes dos
beneficiários.
Quem pode
receber
O auxílio
só será concedido àqueles que tiverem renda mensal per capita de até meio
salário mínimo ou renda familiar até três salários mínimos.
O
benefício será dado a microempreendedores individuais, contribuintes
individuais e trabalhadores informais que estivessem inscritos no Cadastro
Único do governo federal até 20 de março. Os demais terão que fazer
autodeclaração em uma plataforma digital.
O projeto
também desobriga as empresas de pagarem os 15 dias de remuneração do
funcionário afastado do trabalho por causa da doença. O INSS (Instituto
Nacional do Seguro Social) deverá arcar com o valor.
Mudança
no BPC
O texto
também resolve o impasse envolvendo a concessão do BPC (benefício pago a idosos
e deficientes carentes).
Há duas
semanas, o Congresso derrubou um veto de Bolsonaro. Com isso, o BPC deveria ser
pago a famílias com renda de até meio salário mínimo (R$ 522,50 mensais) por
integrante –antes, o teto era de um quarto do salário mínimo, ou seja, R$
261,25 por membro da família, em valores atuais.
O TCU
(Tribunal de Contas da União) havia inicialmente expedido liminar impedindo a
ampliação do BPC, mas, no último dia 18, decidiu suspender o efeito por 15 dias
para que o Congresso resolvesse o imbróglio.
O texto aprovado
retoma até 31 de dezembro deste ano o teto de um quarto de salário-mínimo
defendido pelo governo.
A partir
de 1º de janeiro de 2021, porém, volta a subir para meio salário-mínimo.
O projeto
possui dispositivo que diz que o teto para este ano poderá voltar a meio
salário-mínimo por causa do estado de calamidade pública, conforme critérios
definidos em regulamento.
O texto
ainda autoriza que o INSS antecipe durante três meses o valor de um
salário-mínimo mensal para quem estiver na fila para pedir o auxílio-doença.
O órgão poderá também antecipar os R$ 600 durante três meses a quem estiver na fila para solicitar o BPC.
O órgão poderá também antecipar os R$ 600 durante três meses a quem estiver na fila para solicitar o BPC.
Projeto
complementar
O Senado
também prepara um auxílio complementar para pescadores, comunidades indígenas e
aquicultores, entre outras categorias não contempladas no texto da Câmara.
A
informação foi dada mais cedo pelo senador Antonio Anastasia (PSDB-MG),
vice-presidente do Senado. Segundo ele, a decisão foi tomada em reunião
realizada pelos líderes partidários nesta segunda.
Os senadores
querem aproveitar as emendas que alterariam o texto dos deputados e
transformá-las em um projeto para abranger profissionais que não foram
contemplados pela proposta, explicou Anastasia.
Estariam
nesse grupo pescadores artesanais, aquicultores, motoristas de táxi e de
aplicativos e comunidades indígenas.
"Nós
temos vários projetos no Senado de iniciativas de senadores que tratam de temas
similares", disse.
"Esses
projetos serão todos apensados, receberemos as sugestões das emendas de mérito
do projeto que será votado hoje e tudo isso será colocado sob um só
guarda-chuva, sob uma só roupagem, que será relatada em um projeto único pelo
senador [Esperidião] Amin [PP-SC]."
A
intenção é votar o texto complementar nesta terça (31). Se aprovado pelos
senadores, a proposta iria para a Câmara.
Merenda
escolar
Antes do
projeto do auxílio, os senadores aprovaram também projeto que autoriza a
distribuição de merenda a pais de alunos matriculados em escolas que tenham
suspendido as aulas por causa de estado de calamidade pública como o provocado
pelo coronavírus.
O texto,
de autoria dos deputados Hildo Rocha (MDB-MA) e professora Dorinha (DEM-TO),
foi aprovado em votação simbólica pelos parlamentares durante a sessão remota.
A distribuição da merenda deverá ser feita imediatamente aos pais e acompanhada pelo Conselho de Administração Escolar. As regras de distribuição serão determinadas pelos secretários locais de educação.
DN