A Justiça do Ceará condenou duas mulheres, uma ex-estagiária e uma servidora pública concursada, por envolvimento com organizações criminosas, devido ao repasse de informações confidenciais a traficantes no estado.
No primeiro caso, Gerciany de Lima Marques, ex-estagiária de direito do Fórum de Sobral, foi condenada a 11 anos e 5 meses de prisão na última quinta-feira (31).
Ela teria usado seu acesso a processos judiciais e investigações policiais, enquanto estagiava na 3ª Vara Criminal do Fórum Doutor José Saboya de Albuquerque, para repassar informações a criminosos, incluindo, um traficante com quem mantinha um relacionamento.
A jovem também fotografava policiais, enviando as imagens para membros da organização criminosa. Detida desde 2019, Gerciany foi condenada pelos crimes de participação em organização criminosa, tráfico de drogas e associação para o tráfico.
Em um caso recente semelhante, o Tribunal de Justiça do Ceará também condenou o advogado Wangleyson de Oliveira Brito, sua irmã Helena Oliveira Loiola, que era servidora pública no Fórum de Independência, e mais oito acusados, totalizando penas que somam 119 anos de prisão.
Helena perdeu o cargo público e recebeu ainda uma pena de interdição para ocupar cargos públicos por oito anos, mas pode recorrer da decisão.
A investigação do Ministério Público do Ceará (MPCE) apontou que Wangleyson e Helena usaram suas posições para beneficiar o Primeiro Comando da Capital (PCC), com Helena supostamente repassando informações processuais e agilizando trâmites em benefício da organização.
A investigação revelou que Wangleyson, além do papel de advogado, interferia em investigações da Polícia Civil do Ceará (PCCE) para proteger membros do PCC, incluindo Gracias Rodrigues de Morais, conhecido como "Irmão Cipriano", suposto líder da facção em Independência.
Defesa e desdobramentos
As defesas de Helena e Wangleyson alegaram que os relatórios da Polícia Civil não comprovam o vazamento de informações confidenciais, e que não houve obstáculos comprovados nas investigações.
A condenação desses envolvidos representa um avanço na luta da Justiça cearense contra o crime organizado, especialmente na desarticulação de redes de apoio ao PCC no estado.
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