Sete cidades têm altas chances de desenvolver epidemias; na Capital, o estado é de alerta, segundo Ministério
O primeiro Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa) de
2015, divulgado, ontem, pelo Ministério da Saúde, revelou que, no
Ceará, 20 municípios se encontram em situações de risco ou de alerta
para surto de dengue. Sete cidades apresentam taxas de infestação pelo
mosquito transmissor da doença superiores a 4%, tendo altas chances de
desenvolver epidemias, conforme o órgão. São elas Baturité, Canindé,
Coreaú, Hidrolândia, Santa Quitéria, Tauá e Varjota. Já em outras 13
localidades, inclusive na Capital, o estado é de alerta.
O número representa metade das 40 cidades cearenses que participaram
desta edição da pesquisa, referente aos meses de janeiro e fevereiro. O
LIRAa mapeia os focos de reprodução do Aedes aegypti em casas, prédios e
outros tipos de imóveis. O quadro mais preocupante é do município de
Canindé.
Na região, 14,1% dos estabelecimentos vistoriados pelos agentes de
vigilância neste início de ano registraram larvas do vetor. Das áreas em
situação de risco, Coreaú é a menos afetada, com índice de infestação
de 5%.
Fortaleza, Aquiraz, Caucaia, Juazeiro do Norte, Maranguape, Massapê,
Pacatuba, Reriutaba e Pires Ferreira fazem parte do grupo de municípios
em situação de alerta. Nesses locais, entre 1,0% e 3,9% dos domicílios
monitorados apresentaram focos do mosquito da dengue.
Na Capital, a presença de larvas foi detectada em 1,4% dos imóveis. O
resultado revela uma piora em relação ao último levantamento, divulgado
pela Prefeitura em novembro do ano passado. Na época, a cidade estava em
situação satisfatória, tendo mais de 35% dos bairros com índices
aceitáveis para o Aedes aegypti. Hoje, segundo Carlos Alberto dos
Santos, coordenador de Controle Vetorial da Secretaria Municipal de
Saúde (SMS), 55% dos bairros estão em alerta e dois (Ellery e São Bento)
estão em situação de risco.
O agravamento, conforme ele, é consequência do início da quadra
chuvosa. "Quando chega o inverno, há um aumento substancial dos índices
de infestação. Os criadouros que estão no ambiente, nos terrenos e nas
casas, contribuem para que o mosquito aumente a reprodução", destaca
Santos.
De acordo com o Ministério da Saúde, nos municípios da região Nordeste,
a maioria dos focos foi encontrada em reservatórios de armazenamento de
água. Em segundo lugar, vieram os depósitos domiciliares, como vasos de
plantas, e, por fim, o lixo manejado de forma inadequada. Na Capital, o
padrão se aplica, explica o coordenador.
"Caixas d'água, filtros, potes, cisternas. Em todas as regionais há
predominância dos focos nesses depósitos. Além disso, existem aqueles
objetos descartáveis que a população costuma guardar nos quintais, como
pneus, vasilhas, garrafas, latas. Isso acaba virando criadouro", observa
Carlos Alberto Santos.
Satisfatórias
Das 40 cidades cearenses que participaram do LIRAa, 20 se encontram em
situação satisfatória, registrando índice de infestação abaixo de 1%.
Camocim, Crateús, Croatá, Eusébio, Forquilha, Ibiapina, Icó, Russas, São
Gonçalo do Amarante e Tianguá estão na lista.
A Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) não quis comentar o
levantamento, destacando, apenas, que o novo boletim epidemiológico da
dengue será divulgado hoje.
Já o coordenador de Controle Vetorial da SMS afirmou que o órgão
trabalha realizando visitas domiciliares para a eliminação das larvas,
controle químico por meio de fumacês, notificações aos imóveis
reincidentes, e formação de brigadas contra a dengue nas escolas.
"Estamos intensificando todas essas ações. O resultado do LIRAa é
essencial para o nosso planejamento. Ele nos dá uma orientação, faz uma
'fotografia' da cidade para que nos ajudar a adotar as providências
necessárias", diz Santos.
O LIRAa é elaborado três vezes ao ano, nos meses de janeiro, março e
novembro. Nesta edição, 1.844 municípios participaram do estudo. Destes,
877 estão em situação de alerta, 627 se encontram em situação
satisfatória e 340 apresentam situação de risco.
No Brasil, 20 capitais estão em situação de alerta ou de risco para a
dengue. No ano passado, este número era de 17. Neste ano, foram
registrados no País 224,1 mil casos, um aumento de 162% em comparação a
igual período de 2014 (85,4 mil).
Fique por dentro
Incidência da doença cresce no Estado
Junto com o LIRAa, o Ministério da Saúde publicou um novo balanço da
dengue em todo o País. Em 2015, até o dia 7 de março, foram notificados
5.074 casos da infecção no Ceará. A incidência da doença no Estado é de
57,4 casos por 100 mil habitantes. A taxa é bem superior à registrada no
igual período do ano passado. Em 2014, foram 2.903 notificações e uma
incidência de 32,8 ocorrências registradas a cada 100 mil pessoas.
Em contrapartida, o número de óbitos e de casos graves de dengue
diminuiu. Neste ano, já foram confirmados cinco de dengue grave e um
óbito no Estado. No ano passado, houve sete registros de dengue grave e
seis óbitos.