ESTOU NO INSTAGRAM: @radialistadeneslima

quarta-feira, 8 de março de 2017

Novarrussense Alice Iracema foi a 1ª mulher titular de uma Vara do Júri em Fortaleza



Resultado de imagem para Alice Iracema
Dra. Alice Iracema é novarrussense. Foto: DN

Filha de sertanejos, nascida em Nova Russas. Moradora de Fortaleza e fascinada pela ação de acusar em julgamentos, os supostos culpados de crimes dolosos contra a vida, na tentativa de que a Justiça seja feita. Aos 48 anos, a promotora Alice Iracema Melo Aragão, membro do Ministério Público Estadual do Ceará (MP-CE), diz seguramente “fui a primeira mulher a ser titular de uma Vara do Júri em Fortaleza”.

O posto é motivo de orgulho? Sim, garante ela. No país onde atuar com direito penal parece ser privilégio reservado a homens, embrenhar-se na área e permanecer é abrir portas para que outras, muitas outras – torce ela, também entrem.

Na trajetória, Alice já participou de mais de 500 julgamentos, conta ela, confiando na memória. Por mês, a média atual chega a sete sessões. Formada em Direito aos 21 anos, Alice ingressou no MP-CE, aos 24 anos, em 1993. Trabalhou em comarcas do interior até 2005. Sempre que pode, buscou a promoção para a Vara do Júri, alcançada há 12 anos. “Eles não vão conceder”, repetiam as bocas descrentes que uma mulher tão cedo exerceria tal função.

Crimes de repercussão

Nos tribunais acusou envolvidos em crimes emblemáticos e de grande repercussão como o assassinato do dono da Construtora Colmeia, um grupo de extermínio composto por policiais, os PMs envolvidos no “caso Hilux” e a morte da menina Alanis – estuprada e assassinada por Antônio Carlos Xavier, o Casin.

Na história recente, integra o grupo de promotores responsável pela denúncia dos militares acusados da “Chacina da Messejana”. O currículo é vasto e os enfrentamento também “quando você chega [na Vara do Júri], você percebe que os colegas não acreditam muito no seu trabalho”. Na Vara do Júri, o trato com pessoas perigosas é constante. É este, explica a promotora, o argumento preconceituoso usado por aqueles que associam o feminino à incapacidade de lidar com o risco.

"Não tenho medo”

Diante da ausência de manifestação de medo por Alice, alguns provocam “tu é desse jeito porque não é mãe biológica”. A promotora retruca: “não tem nada haver” e acrescenta “fui criada em uma família que minha mãe nunca deixou a gente sequer falar em duas coisas: medo e preguiça. Aí eu cresci sempre achando que não tenho medo”. 

Casada, Alice, de fato, não tem filhos biológicos. Mas sabe que não tem obrigação de tê-los. No decorrer da vida “adotou” duas sobrinhas – uma de 18 e outra de 19 anos – que “foram para a área da saúde, não seguiram a mãe (assim ela é tratada pelas adolescentes)”. No dia a dia é “cercada” por outras jovens candidatas a advogadas que, assim como em seu passado, “almejam a Vara do Júri”.

“As mulheres têm esse receio e falam que quando me veem se sentem motivadas e fortalecidas”. No Tribunal, a promotora ganha força. Talvez seja lá o lugar onde Alice é exatamente aquilo que sempre quis ser.

DN

Nenhum comentário:

Postar um comentário