O fechamento desses polos poderá comprometer ainda mais a
distribuição de milho no interior, que tem sofrido com a estiagem
prolongada
FOTO: ALEX PIMENTEL
Quixadá. O pronunciamento do deputado Odilon Aguiar,
na sessão da última quarta-feira, 15, na Assembleia Legislativa do
Ceará, sobre o possível fechamento de 11 polos avançados de vendas da
Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), deixou os pequenos
produtores do Estado em alerta. Conforme o parlamentar, os municípios de
Brejo Santo, Canindé, Itapipoca, Jaguaribe, Lavras da Mangabeira,
Marco, Morada Nova, Quixadá, Quixeramobim, Santa Quitéria e Tauá estão
sob esse risco.
Segundo Odilon Aguiar, o fechamento desses polos poderá comprometer
ainda mais a distribuição de milho no interior do Ceará, que tem sofrido
com a estiagem prolongada. Ao utilizar o espaço na tribuna, Aguiar
pediu apoio da casa e dos parlamentares no sentido de que a decisão seja
revista para não prejudicar os agricultores.
A respeito do pronunciamento do deputado, o superintendente da Conab no
Ceará, Anastácio Fontelles, explicou tratar-se de uma preocupação
política, diante de quadro econômico enfrentado no País. Os oito postos
de distribuição da Companhia, situados em Crateús, Icó, Iguatu, Juazeiro
do Norte, Maracanaú, Russas, Senador Pompeu e Sobral, continuam
funcionando normalmente. A Conab trabalha inclusive na implantação de
mais uma unidade, em Quixadá.
Aluguel
Conforme o representante da Conab, a preocupação está relacionada à
manutenção dos polos temporários nos outros 11 municípios, de
responsabilidade das prefeituras. Como tem chovido no Estado, o
suficiente para formar pasto, houve redução da procura de criadores e de
produtores pelo milho. Alguns armazéns ficarão fechados e os municípios
continuarão arcando com os ônus. O aluguel de alguns deles chega a R$ 3
mil.
Sobre o preço do milho, conforme Fontelles, atualmente a saca está
variando entre R$ 32 e R$ 35. O preço está sendo mantido porque o
Governo Federal subsidia o frete.
Na avaliação do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do
Estado do Ceará (Faec), Flávio Saboya, o quadro é outro. Além da saca do
milho já estar ultrapassando os R$ 38nos postos de venda da Conab, há
risco iminente de fechamento das unidades de venda do órgão federal. A
pressão está sendo feita pelo Ministério da Fazenda. Ele está em
Brasília, buscando sensibilizar o Governo Federal acerca do problema,
mas caberá ao Conselho Interministerial de Estoques Públicos (CIEP) a
decisão final. Saboya critica a situação atual do programa federal
"Venda no Balcão".
Além de reduzir o preço de venda do milho, precisa apenas
disponibilizar servidores da Conab, nos postos mantidos pelos
municípios. Não é interessante fechar esses galpões porque em pouco mais
de mês haverá necessidade de reativar toda a logística. Caso contrário
sairá mais barato para os pequenos produtores comprarem o milho nas
revendas, onde a saca está sendo vendida a R$ 42, mas a entrega é a
domicílio. "Na situação atual, o programa perdeu o papel social",
completou.
Em Quixadá, o secretário municipal de Agricultura Familiar e
Desenvolvimento Rural, Francisco Antônio dos Santos, confirma as
especulações acerca do fechamento dos postos de venda mantidos pelas
prefeituras. No caso do seu município, a despesa com o aluguel do
galpão, de R$ 3.500, é rateada com mais outras duas prefeituras, a de
Banabuiú e a de Choró.
A Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras
Familiares do Estado do Ceará (Fetraece) vem acompanhado o caso e já
incluiu a demanda na pauta de reivindicação do 21º Grito da Terra Brasil
e solicitou o apoio da Confederação Nacional dos Trabalhadores na
Agricultura (Contag) na solução do problema.