Por recomendação do Ministério Público de
Contas, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) faz varredura em contratos
celebrados por órgãos públicos do Ceará com empreiteiras investigadas
pela Operação Lava Jato
O Tribunal de Contas do
Estado do Ceará (TCE-CE), a pedido do Ministério Público de Contas
(MPC-CE), vai auditar R$ 1,5 bilhão em contratos assinados por órgãos
estaduais com empresas investigadas na Operação Lava Jato.
A
Corte decidiu, por unanimidade, investigar possíveis irregularidades
após voto favorável do conselheiro relator, Valdomiro Távora, na noite
da última terça-feira, 16.
Levantamento preliminar feito pelo
MPC-CE, com base no Portal da Transparência, lista oito obras no Ceará
ligadas às empresas Engevix, Construtora Queiroz Galvão, Construcap,
Galvão Engenharia S/A e Mendes Júnior. Entre elas, a construção da Arena
Castelão, a duplicação do Anel Viário da BR-020 em Fortaleza e o Canal
da Integração.
Procurador de Contas, Gleydson
Alexandre pontua que a representação do MP ao TCE integra ação nacional
de fiscalização dos contratos estabelecidos por empresas suspeitas no
País. “Só a aceitação da auditoria pelo TCE já é um passo largo para
verificarmos a regularidade das obras”, ressalta.
Na
representação, de março de 2015, o MPC registra que, com base em
depoimentos colhidos na Lava Jato, há indícios de que fraudes e/ou
irregularidades tenham ocorrido também nos estados. No documento, é
citado trecho do depoimento do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras
Paulo Roberto Costa no qual ele afirma que o cartel de empresas
investigado na operação tinha efetivo interesse em obras contratadas por
outros órgãos governamentais.
O relator da auditoria,
conselheiro Valdomiro Távora, informa que ainda não há nenhuma
irregularidade detectada nos contratos. “O primeiro passo é verificar
quais são as obras e se essas empresas estão no Ceará”, diz.
Segundo
ele, a Secretaria de Controle Externo do Tribunal de Contas da União no
Ceará (Secex-CE) fará levantamento de obras e contratos para analisar a
situação. Não há prazos definidos para a auditoria.
Entre
os órgãos que têm contrato com as empresas, estão Secretaria do Turismo
(Setur), Departamento Estadual de Rodovias (DER), Secretaria de
Recursos Hídricos (SRH) e a já extinta Secretaria Especial da Copa
(Secopa).
O MPC recomenda que a eventual existência de crimes
no Ceará, semelhantes aos constatados na Lava Jato, sejam imediatamente
identificados para que seus efeitos sejam minorados.
Por meio
da assessoria, o Governo do Estado afirma que aguarda ser acionado pelo
TCE e que, quando isso acontecer, concederá toda a condição necessária
para que a auditoria seja feita, com o encaminhamento de todos os
documentos solicitados.
Saiba mais
No
relatório do Ministério Público de Contas do Estado, é apontado, com
base em depoimentos na Lava Jato, que empresas se associavam para
fraudar procedimento licitatório, ou seja, substituíam o que seria uma
verdadeira licitação por um simulacro de certame licitatório, em que
os preços ofertados e a vencedora eram decididos em reuniões sigilosas
promovidas pelo denominado “clube”
de empresas.
O
MPC aponta ainda que, durante a execução dos contratos, o conluio
visava à formalização de aditivos desnecessários, ao pagamento por
serviços superfaturados e à aceitação passiva de falhas técnicas nas
obras conduzidas pelas empresas que se associaram para a consecução
desse intuito criminoso.
Os 23 grupos empresariais
impedidos de licitar, com base na Lava Jato, são: Alusa, Andrade
Gutierrez, Camargo Corrêa, Carioca Engenharia, Construcap, Egesa,
Engevix, Fidens, Galvão Engenharia, DK, IESA, Jaraguá Equipamentos,
Mendes Junior, MPE, OAS, Odebrecht, Promon, Queiroz Galvão, Setal,
Skanska, TECHINT, Tomé Engenharia e UTC.
O POVO