O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), reavaliou, na última
sexta-feira, em São Paulo, a sua previsão para fevereiro/março/abril e,
por enquanto, o prognóstico para a quadra chuvosa do Ceará é de chuvas
abaixo da média histórica. "Não houve mudanças significativas na
Atlântico em janeiro. Ele está mais aquecido, o que aponta menos
precipitações para a região", explica a meteorologista do Inpe, Renata
Tedeschi.
"O cenário do Ceará, assim como a da região Nordeste, é muito grave
quando falamos sobre água e abastecimento humano, animal e
agropecuária", ressalta Renata.
A maioria dos indicadores climáticos globais e dos modelos existentes,
ressalta a especialista, continuam apontando maior probabilidade das
chuvas se situarem na categoria abaixo da faixa normal climatológica,
com distribuição de probabilidade: 25%, 35% e 40% para as categorias
acima, dentro e abaixo da faixa normal climatológica, respectivamente.
"Por isso, a população precisa economizar água, especialmente, a
Capital", orienta a meteorologista.
O Inpe indica que, no cenário atual, projeta-se impacto severo nas
condições para agricultura e pecuária durante o período chuvoso
principal, com predominância de áreas de seca severa no interior da
região semiárida, principalmente no leste do Piauí, sul do Ceará, oeste
de Pernambuco e centro-norte da Bahia. O Instituto também reafirma a
avaliação que divulgou em janeiro desse ano e diz que "com acentuado
risco de esgotamento da água armazenada entre novembro de 2017 e janeiro
de 2018 para os Estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco e
Paraíba".
Reserva hídrica
A cada quadra chuvosa abaixo da média histórica, registrada no Ceará nos
últimos cinco anos, apenas 1% do contabilizado ou cinco milímetros se
transformaram, de fato, em reserva hídrica nos açudes do Estado. É o que
aponta o meteorologista da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos
Hídricos (Funceme), David Ferran.
Segundo o especialista, a eficácia no armazenamento de água é melhor
quando as precipitações ficam acima de nossa média histórica ou mais de
800 mm/ano. "O que não acontece desde 2012, pelo contrário, registramos
pouco mais do que 500 mm anuais, resultando na situação atual. Se
chovesse, por exemplo, entre 900 e mil mm, pode-se acumular entre 40 e
50 mm. Por enquanto, não é o nosso caso", explica.
Ferran reafirma a previsão da Funceme para o período fevereiro/março e
abril, de chuvas dentro da média história. "Houve um ligeiro esfriamento
no Oceano Atlântico Norte e aquecimento na parte Sul.
Por enquanto, segundo ele, a tendência é sim de poucas chuvas e as
incertezas sobre uma previsão mais consolidada permanecem", afirma,
acrescentando que até o dia 20 próximo sairá o prognóstico para o
período março/abril e maio.
Volume
De acordo com a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), o
volume de água armazenada nos 153 açudes é de 6,18% ou seja, de um total
de 18,64 bilhões de metros cúbicos, o estado acumula 1,15 bilhão de m3.
São 48 reservatórios ou 31,3% em volume morto e 38 (24,8%) secos,
indica resenha diária da Cogerh.
O Castanhão, na bacia do Médio Jaguaribe, registra 4,98%. O Orós, na
bacia do Alto Jaguaribe, possui 11,4%. O reservatório tem sido a
sustentação do Castanhão desde setembro do ano passado, com a
transposição de suas águas.
A Bacia Metropolitana, que abastece a cidade de Fortaleza e municípios
da Região Metropolitana, registra apenas 9,25% de reserva, sendo que o
Gavião, açude em melhor situação do Estado, está com 80,29% de água
acumulada.
DN Online
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