A primeira
previsão climática para o trimestre janeiro, fevereiro e março de 2021 aponta maior probabilidade de chuvas
dentro da faixa normal ou um pouco acima do esperado para o período no noroeste
do Ceará. Para o sul do Estado, o prognóstico indica que a categoria mais
provável é de precipitações variando de normal a abaixo da faixa normal
climatológica. Nas demais áreas, a tendência
é de chuva dentro da normalidade.
Os dados
fazem parte da previsão climática sazonal para o Nordeste, feita por
meteorologistas do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Centro de
Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Cptec/Inpe), Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos
(Funceme) e outros centros estaduais de meteorologia, que se reuniram de forma
virtual.
Temperatura
A
preocupação dos meteorologistas é com a temperatura das águas superficiais do
Oceano Atlântico Equatorial, que ainda em dezembro está mais elevada na porção norte em
relação ao sul e “cuja persistência pode vir a comprometer a
qualidade do próximo período chuvoso no norte do Nordeste”, pontua a
previsão.
Na quadra
chuvosa (fevereiro a maio) o principal sistema que traz chuva para o semiárido
é a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), que é uma larga banda de nuvens.
Sua aproximação depende do aquecimento das águas superficiais do Oceano
Atlântico Tropical Sul e do esfriamento da porção norte, tendo como base a
linha do Equador.
O meteorologista do Inmet, Flaviano Fernandes, explica que quando as águas do Atlântico Tropical Sul estão
mais aquecidas em relação à porção norte “ocorre a formação de
nuvens e aumentam os índices pluviométricos no semiárido. O fenômeno é chamado
dipolo negativo do Atlântico”.
Na segunda
quinzena de janeiro, a Funceme divulga o primeiro prognóstico para a quadra
chuvosa. Para os próximos três dias, a previsão é de “tempo com nebulosidade
variável com possibilidade de chuvas isoladas em todas as regiões cearenses”.
Pré-estação
Os meses de
dezembro e janeiro formam o bimestre denominado de pré-estação chuvosa.
Para o primeiro, que termina amanhã, a média pluviométrica é reduzida, apenas
31.6 mm. Neste ano, até ontem, a média foi de 10 mm no Estado, ou seja, desvio
negativo de 68.5 mm para o período.
Para o mês
de janeiro, são esperados 98.7 mm. O meteorologista da Universidade Federal de
Alagoas, Humberto Barbosa, frisou que “há tendência maior de ocorrer chuva
dentro da média, mas ressaltamos a má distribuição característica do Semiárido
e a ocorrência de veranicos”.
Para o
trimestre janeiro, fevereiro e março, a Funceme indica média de 420.8 mm no
Ceará. Março é o mês com maior quantidade esperada: 203.4 mm.
Humberto
Barbosa também mostrou preocupação com a temperatura do Oceano Atlântico
Equatorial e Tropical Sul. “Teremos de esperar um pouco mais para o
posicionamento do Atlântico”.
No
campo, alheios às análises complexas dos indicadores meteorológicos, os
agricultores estão confiantes que 2021 será um ano de muita chuva, mas ponderam
que em janeiro deve chover pouco. “Quando chove bem em novembro e dezembro é
fraco, como neste ano, o inverno começa mais tarde e janeiro não vai ser bom”,
observou o agricultor Assis Souza, da localidade de Quixoá, em Iguatu.
Diário do Nordeste