E se o Neymar não tivesse se machucado? E se o Thiago Silva não recebesse o segundo cartão amarelo? E se o Felipão não tivesse feito a escolha por Bernard,
abrindo o meio de campo? São respostas que nunca ninguém terá. O que se
sabe é que a seleção brasileira passou pelo maior vexame da sua
história nesta terça-feira, quando levou 7 a 1 da Alemanha,
no estádio do Mineirão, em Belo Horizonte, e deu adeus ao sonho do hexa
em casa.
A torcida, chorosa, levantou e aplaudiu de pé o algoz que
jamais será esquecido.No País
do Futebol, a Alemanha, que vai à sua oitava final de Copa do Mundo, deu
uma aula. Jogou com uma organização impressionante, disciplina tática,
troca de passes, marcação sob pressão e, principalmente, determinação.
Do outro lado, faltou gana à seleção brasileira no primeiro tempo,
quando ainda era possível evitar, senão a derrota, pelo menos um vexame.
Ao Brasil
resta assistir da televisão a final deste domingo, no Maracanã. Um dia
antes, a seleção entra em campo no estádio Nacional Mané Garrincha, em
Brasília, em uma despedida melancólica da Copa do Mundo, decidindo o
terceiro lugar contra quem perder o jogo entre Holanda e Argentina, nesta quarta, em São Paulo.
A
decisão no Rio pode reeditar a final de 1974, quando a Alemanha venceu a
Holanda, ou a de 1986, quando perdeu da Argentina, ou a de 1990, quando
deu o troco nos argentinos. Miroslav Klose
ainda terá mais uma partida para ampliar o seu recorde de gols. Nesta
terça, ele marcou um, chegou a 16 e é o maior artilheiro da história das
Copas, passando Ronaldo, que tem 15. Müller, com cinco nessa Copa,
chegou a 10 na carreira. E ele tem apenas 24 anos.
O
JOGO - Os erros ainda serão discutidos por muitos anos, mas alguns são
claros. A começar pela formação escolhida por Felipão. Com Bernard no
lugar de Neymar, abrindo mão da ideia de escalar três volantes, que
parecia a mais provável, o treinador entregou o meio de campo para a
Alemanha. Fernandinho nervoso e Oscar omisso desde o início da partida deixavam que o melhor meio de campo do mundo sobrasse.
Foram três minutos de domínio do Brasil. Um ataque frustrado, uma recuperação de bola ainda no campo de ataque e um chute de Marcelo, à esquerda do gol. Após o primeiro ataque alemão, David Luiz deu um lindo lançamento, de pelo menos 60 metros, para Hulk. O atacante recebeu na ponta esquerda e cruzou, mas Neuer não chegou.
Só
que o lançamento foi o único acertado pela defesa brasileira. O meio de
campo inexistia e, por isso, as bolas iam direto dos zagueiros para os
atacantes. Ou melhor, para os zagueiros alemães. Sem saída de bola, o
Brasil entregava a posse dela para a Alemanha, que sabia exatamente o
que fazer.
Ainda
houve um intervalo de 12 minutos até começar o baile. Período em que o
Brasil nada criou. Tocava a bola na zaga até algum dos quatro homens da
linha de defesa dar um chutão para frente. Aos 22, porém, Kroos escorou
para Klose, que recebeu livre e bateu para boa defesa de Julio Cesar. No rebote, ele fez 2 a 0.
Daquele
chute até o placar apontar 5 a 0 o relógio andaria apenas 6 minutos e
40 segundos. No terceiro, Lahm cruzou, ninguém tirou e Kroos pegou
bonito na bola. Julio Cesar tocou nela, mas de nada adiantou. O quarto
entra na conta de Fernandinho, que perdeu bola boba para Khedira na
entrada da área. O meia tocou para Kroos fazer mais um.
O jogo já havia acabado aos 28, mas restavam mais 62 minutos a se jogar. Nos 17 que faltavam no primeiro tempo, o Brasil só rezou para não levar uma goleada maior. Felipão só foi mexer no time no intervalo, com Paulinho e Ramires nos lugares de Hulk e Fernandinho.
A equipe melhorou e, finalmente, mostrou algum futebol no Mineirão. Antes dos 10 minutos, criou duas ótimas chances, com Oscar, que mandou para fora, e Ramires, que parou em Neuer. A Alemanha, entretanto, seguia perigosa e quase fez o sexto com Müller. Julio Cesar fez boa defesa.
Calada,
já sem muitos torcedores, que saíram no primeiro tempo mesmo, a parte
brasileira do Mineirão assistiu ao segundo tempo passivo. Só explodiu na
hora de xingar Fred, em uníssono. Centroavante que falta no Brasil
sobra na Alemanha. Aos 23 minutos, em ritmo de treino, Schürrle recebeu
livra na área e fez o sexto.
O
atacante do Chelsea também faria o sétimo, depois de receber de Müller.
A torcida levantou e aplaudiu os alemães, merecidamente. Até o fim da
partida, a seleção brasileira ainda ouviria "olé" do seu próprio
torcedor. Comemorações pelo gol de Oscar, nos acréscimos, só
ironicamente.
FICHA TÉCNICA
BRASIL 1 x 7 ALEMANHABRASIL - Julio César; Maicon, David Luiz, Dante e Marcelo; Luiz Gustavo, Fernandinho (Paulinho) e Oscar; Bernard, Hulk (Ramires) e Fred (Willian). Técnico: Luiz Felipe Scolari.
ALEMANHA - Neuer; Lahm, Jérôme Boateng, Hummels (Mertesacker) e Höwedes; Toni Kroos, Schweinsteiger, Khedira (Draxler) e Özil; Thomas Müller e Klose (Schürrle). Técnico: Joachim Löw.
GOLS
- Müller, aos 10, Klose, aos 22, Toni Kroos, aos 24 e aos 25, e
Khedira, aos 28 minutos do primeiro tempo; Schürrle, aos 23 e aos 33, e
Oscar, aos 45 minutos do segundo tempo.CARTÃO AMARELO - Dante (Brasil).
ÁRBITRO - Marco Rodríguez (Fifa/México).
RENDA - Não disponível.PÚBLICO - 58.141 pessoas.
LOCAL - Estádio do Mineirão, em Belo Horizonte (MG).
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