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Carmita Abdo |
Atualmente
muitas pessoas levam uma "vida sexual online" ativa, seja para suprir
a falta de relações físicas ou apenas para sentir algum tipo de prazer na
modalidade virtual. Porém, tudo passa a ser um problema de saúde quando
torna-se algo compulsivo. Em visita ao Espírito Santo para uma palestra sobre
compulsão sexual na X Jornada Capixaba de Psiquiatria, a psiquiatra e sexóloga
Carmita Abdo conversou com o Gazeta Online e pontuou os cuidados para
que o prazer não vire doença.
Ela
explica que a presença cada vez maior das pessoas nas redes sociais e na
internet em si transformou o sexo virtual em uma fonte de prazer importante e
natural. O estilo de sexo deixou de ser algo renegado, como era antigamente, e
agora é fetiche para muitos praticantes.
Existem
inúmeros fatores que podem fazer com que as pessoas venham a preferir o sexo
virtual ao físico. Tem a comodidade de não precisar sair de casa para
conquistar uma parceira ou um parceiro, às vezes essa pessoa tem dificuldade de
conversar ou se relacionar. Fora que, de certo modo, dependendo da situação, o
sexo virtual é mais barato de ser bancado.
A
especialista relata, entretanto, que esse comportamento, quando repetido de
forma constante, pode causar o aumento de transtornos de sexualidade, ansiedade
e um preocupante processo obsessivo pela prática.
Quando
a pessoa chega nesse patamar, a ponto de recusar ter uma vida ativa com outra
pessoa, com contato físico mesmo, é necessário intervir. Ele passa a sentir
prazer apenas no sexo virtual e perde o prazer em outras coisas da vida, como
em ter um relacionamento direto, passa a recusar o sexo físico e se isola.
A
psiquiatra e sexóloga lembra ainda que, no caso dos homens, a compulsão pelo
sexo virtual pode ser ainda pior. Segundo ela, o indivíduo pode vir a sofrer de
impotência sexual precocemente por não conseguir mais sentir prazer com contato
físico. E, ao tentar esse contato real, ele pode adquirir o transtorno de
disfunção erétil antes da idade em que o problema costuma ocorrer.
"É
muito difícil um homem viciado em sexo virtual e em pornografia conseguir ter
uma atividade sexual sadia com uma parceira pessoalmente, gerando assim uma
severa síndrome de fobia social. Ele passa a achar que só ele próprio consegue
se satisfazer. A mente dele está programada para isso. O cenário piora no
contato físico, pois, por conta da dificuldade em ter uma ereção, por vergonha,
o rapaz se isola. É quando ele passa a consumir álcool em excesso, se afunda em
jogos online e entra em profundo isolamento. Vive apenas em seu universo
virtual", alerta.
Carmita
Abdo frisou que as pessoas que se encontram nesse quadro precisam buscar
tratamento imediato para que aquilo que é psicológico não traga prejuízos
também para o corpo. A especialista pontuou que uma terapia bem aplicada
em conjunto com uma medicação adequada pode resolver a compulsão.
"No
Brasil os profissionais de saúde mental medicam os pacientes com remédios
anti-depressivos. Não quer dizer que a pessoa esteja depressiva. A medicação é
aplicada como uma forma de reduzir a libido, assim, o paciente vai ter o
desejo sexual parcialmente diminuído ou, dependendo do quadro, cortado. Isso
tudo acompanhado de um trabalho de terapia intensiva. Depois, ele passa por uma
terapia sexual para controlar o excesso de atividade sexual e para ter um
redirecionamento de sua vida sexual", concluiu Carmita Abdo.
Gazeta Online