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terça-feira, 26 de março de 2019

Vício em sexo virtual pode gerar graves síndromes

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Carmita Abdo




Atualmente muitas pessoas levam uma "vida sexual online" ativa, seja para suprir a falta de relações físicas ou apenas para sentir algum tipo de prazer na modalidade virtual. Porém, tudo passa a ser um problema de saúde quando torna-se algo compulsivo. Em visita ao Espírito Santo para uma palestra sobre compulsão sexual na X Jornada Capixaba de Psiquiatria, a psiquiatra e sexóloga Carmita Abdo conversou com o Gazeta Online e pontuou os cuidados para que o prazer não vire doença.



Ela explica que a presença cada vez maior das pessoas nas redes sociais e na internet em si transformou o sexo virtual em uma fonte de prazer importante e natural. O estilo de sexo deixou de ser algo renegado, como era antigamente, e agora é fetiche para muitos praticantes.



Existem inúmeros fatores que podem fazer com que as pessoas venham a preferir o sexo virtual ao físico. Tem a comodidade de não precisar sair de casa para conquistar uma parceira ou um parceiro, às vezes essa pessoa tem dificuldade de conversar ou se relacionar. Fora que, de certo modo, dependendo da situação, o sexo virtual é mais barato de ser bancado.
 





A especialista relata, entretanto, que esse comportamento, quando repetido de forma constante, pode causar o aumento de transtornos de sexualidade, ansiedade e um preocupante processo obsessivo pela prática.



Quando a pessoa chega nesse patamar, a ponto de recusar ter uma vida ativa com outra pessoa, com contato físico mesmo, é necessário intervir. Ele passa a sentir prazer apenas no sexo virtual e perde o prazer em outras coisas da vida, como em ter um relacionamento direto, passa a recusar o sexo físico e se isola.



A psiquiatra e sexóloga lembra ainda que, no caso dos homens, a compulsão pelo sexo virtual pode ser ainda pior. Segundo ela, o indivíduo pode vir a sofrer de impotência sexual precocemente por não conseguir mais sentir prazer com contato físico. E, ao tentar esse contato real, ele pode adquirir o transtorno de disfunção erétil antes da idade em que o problema costuma ocorrer.



"É muito difícil um homem viciado em sexo virtual e em pornografia conseguir ter uma atividade sexual sadia com uma parceira pessoalmente, gerando assim uma severa síndrome de fobia social. Ele passa a achar que só ele próprio consegue se satisfazer. A mente dele está programada para isso. O cenário piora no contato físico, pois, por conta da dificuldade em ter uma ereção, por vergonha, o rapaz se isola. É quando ele passa a consumir álcool em excesso, se afunda em jogos online e entra em profundo isolamento. Vive apenas em seu universo virtual", alerta.



Carmita Abdo frisou que as pessoas que se encontram nesse quadro precisam buscar tratamento imediato para que aquilo que é psicológico não traga prejuízos também para o corpo. A especialista pontuou que uma terapia bem aplicada em conjunto com uma medicação adequada pode resolver a compulsão.



"No Brasil os profissionais de saúde mental medicam os pacientes com remédios anti-depressivos. Não quer dizer que a pessoa esteja depressiva. A medicação é aplicada como uma forma de reduzir a libido, assim, o paciente vai ter o desejo sexual parcialmente diminuído ou, dependendo do quadro, cortado. Isso tudo acompanhado de um trabalho de terapia intensiva. Depois, ele passa por uma terapia sexual para controlar o excesso de atividade sexual e para ter um redirecionamento de sua vida sexual", concluiu Carmita Abdo.

Gazeta Online

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