As alternativas foram encaminhadas, ontem, durante a reunião de urgência entre prefeitos de diversas regiões do Estado e membros da bancada federal cearense, realizada pela Associação dos Municípios e Prefeitos do Ceará (Aprece). No evento, realizado no auditório do Instituto da Primeira Infância (Iprede), foi proposta a Carta do Ceará, a ser encaminhada à Confederação Nacional dos Municípios (CNM) e ao Congresso.
A ideia do encontro foi garantir maior participação possível de parlamentares, para que pudessem ouvir dos gestores as diversas dificuldades que estão sendo enfrentadas, a exemplo da impossibilidade de cumprimento dos compromissos com pagamento de pessoal e fornecedores. Um dos setores mais comprometidos é o da Saúde. Muitas cidades, como Piquet Carneiro, não têm como arcar com as despesas do Programa de Saúde da Família (PSF).
O presidente da Aprece, Expedito José do Nascimento, lembrou que a reunião dos prefeitos e com os parlamentares, foi provocada pelos próprios gestores, que se veem diante da redução de receitas e aumento de despesas. O fato, que tem uma dimensão nacional, conforme salientou Expedito, tem efeitos ainda mais fortes no Ceará, tendo em vista a seca que se prolonga por quatro anos.
Estratégia
Expedito lembrou que algumas das alternativas já estão em curso pelas prefeituras, como demissões de servidores temporários e até redução de salários de cargos comissionados, inclusive prefeitos, vereadores e secretários, não apenas têm sido insuficientes para conter a crise, como vêm ocorrendo sem uma estratégia dos prefeitos.
"Cada cidade está tomando um rumo que parece ao gestor mais adequado. Queremos aqui mostrar o que podemos fazer e quando fazer de uma forma planejada e que não sejam tomadas medidas de forma impensada", disse o presidente da Aprece.
Durante a reunião, que contou com três deputados federais, Danilo Forte, Chico Lopes e Raimundo Gomes de Matos, e ainda do deputado estadual Sérgio Aguiar, a presença mais expressiva foi a dos próprios prefeitos. Houve também a participação do economista Irineu Carvalho, que mostrou as sucessivas quedas de receitas dos municípios, que é o motivo maior da grande inquietação dos gestores municipais por conta da dificuldade financeira.
Prefeito demite servidores
O prefeito de Palmácia, José Maria Bezerra Cipriano, conhecido como Zé da Bodega, fez um relato que é comum às cidades cearenses. Ele está com o salário dos servidores atrasados desde agosto. Apesar de já ter demitido parte dos servidores temporários, o corte deve ir mais além, atingindo 400 dos 800 trabalhadores mantidos pela administração municipal.
Insuficiente
Como demitir não tem sido suficiente, há quem advogue a aprovação da CPMF de modo que os municípios também venham a contar com partes do imposto. Essa medida deverá ser avaliada pela CNM.
O deputado federal Danilo Forte, no entanto, é contrário. Ele entende que não há clima no País para a aprovação do imposto, uma vez que penalizaria ainda mais o contribuinte. Ele propôs que as receitas sejam menos concentradas pela União e melhor divididas pelos Estados e municípios.
"Hoje, o nosso problema maior não é o pagamento da folha. A situação está chegando a inviabilizar serviços essenciais, como o da Saúde", disse Expedito José. Ele entende que deve haver, de forma urgente e inadiável, uma ajuda financeira da União.
*Matéria extraída do site do Jornal Diário do Nordeste
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