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terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Volume de açudes menores preocupa no interior do Ceará


 
Assim como os três maiores açudes do Ceará - Castanhão, Orós e Banabuiú - são fundamentais para o abastecimento da população, outras dezenas de reservatórios menores garantem a segurança hídrica no interior. Apesar da boa quadra chuvosa em 2020, o cenário preocupa. Algumas cidades convivem com racionamento há sete anos, devido à irregularidade das precipitações. Ainda assim, o cenário é melhor que há um ano.

Hoje, segundo o Portal Hidrológico do Ceará, dos 155 açudes monitorados, 65 estão abaixo de 30% da capacidade - a situação é mais crítica em 26 deles, que estão abaixo de 10%. As bacias do Banabuiú e Médio Jaguaribe são as mais preocupantes, com média de volume de 11,07% e 10,67%, respectivamente.

Caririaçu
O açude Manoel Balbino, em Juazeiro do Norte, que abastece Caririaçu, com cerca de 26 mil habitantes, é um dos reservatórios em situação crítica. Hoje, está com 6,57%, um pouco melhor que em janeiro do ano passado, quando alcançava 5,46%. O diretor do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto de Caririaçu (Samae), Cícero Soares Santana, acredita que o volume suporta os primeiros meses de 2021 por conta do aporte do açude São Domingos II, que está com 25,48%, porém, sua capacidade é quase 19 vezes menor que o primeiro. "Ainda esperamos boa chuva neste ano".

Desde 2013, a cidade convive com racionamento. Segundo moradores, alguns bairros passam até 20 dias sem água. Em outros, como Cedron e Bico da Arara, a situação é pior: "Já passei um mês sem água, mas o papel chega do mesmo jeito", denuncia o aposentado Aloísio Pereira. Outros aproveitam as chuvas, enchem baldes e cisternas para suprir a ausência de água.

"No caminho de Juazeiro pra cá, quando vê cano estourado, já imagina que vai faltar água", conta o pedreiro Zacarias da Silva.
 

 
 
O diretor do Samae nega que a população fique mais de três dias sem água. "A média é três. Ficam oito dias com água e três sem, para equilibrar.

A situação hídrica também é delicada em outros municípios, segundo a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), como Pereiro, que depende da adutora que capta água na localidade de Mapuá, no Rio Jaguaribe, distante mais de 30km; em Monsenhor Tabosa, Salitre e Milhã. "Essas são as cidades mais críticas, mas temos segurança para os próximos três meses", observou o diretor para o Interior da Cagece, Hélder Cortez.

Alívio
As boas chuvas de 2020 garantiram a segurança hídrica em cidades como Iguatu e Acopiara, que enfrentaram, em 2018 e 2019, crise no abastecimento urbano porque o nível do açude Trussu chegou a 3%. Na quadra chuvosa de 2020, o nível chegou a 25% e "trouxe segurança hídrica por três anos", pontuou o superintendente do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) de Iguatu, Marcos Ageu.

Ainda na região Centro-Sul, a cidade de Icó também vivenciou crise de desabastecimento e, por mais de um ano, os moradores receberam água em condições precárias. O açude Lima Campos também chegou a 3%, mas em 2020 recebeu recarga e o nível subiu para 19,8%, assegurando a distribuição de água.

Outros municípios que enfrentaram dificuldades em 2019 e 2020 foram Quixadá e Quixeramobim. Ambos dependem do açude Pedras Brancas, cujo nível está reduzido (6%), mas houve um alívio com a retomada de água na barragem de Quixeramobim, que ficou em volume morto entre novembro de 2019 e março de 2020 e, hoje, acumula 22% de água.

Entre 2016 e o início de 2020, o açude Vieirão, que abastece Boa Viagem, secou e trouxe enormes dificuldades para o abastecimento da cidade, que passou a depender de caminhão-pipa. Atualmente, o reservatório está com 13%, mas chegou a 22% no fim da quadra chuvosa de 2020.

Diário do Nordeste

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