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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Ceará é o estado com maior aumento dos homicídios em 2020

 

Motim da polícia militar é apontado com uma das causas para o aumento da violência no Ceará em 2020; veículos tiveram os pneus esvaziados para impedir o trabalho da corporação — Foto: Fabiane de Paula/SVM


O Ceará é o destaque negativo no combate à violência em 2020. O estado teve o maior aumento da violência no ano passado em relação a 2019, conforme dados do Monitor da Violência, índice nacional de homicídios criado pelo G1, com base nos dados oficiais dos 26 estados e do Distrito Federal.

Após um ano de queda em 2019, o número de mortes violentas no estado do Ceará disparou: passou de 2.235 em 2019 para 4.039 em 2020. Ao contrário de outros estados, o isolamento social estimulado pelas autoridades por conta da pandemia da Covid-19 não impediu o aumento das mortes em nenhum dos 12 meses.

Uma das causas deste aumento, segundo especialistas, é o motim dos policiais militares que ocorreu há um ano, em fevereiro de 2020. Durante os 13 dias da greve policial, houve 312 homicídios, uma média de 26 por dia. Antes, a média era de 8 por dia. Mas o fato não é o suficiente para explicar, por exemplo, o aumento de 105% em abril, no primeiro mês das medidas de isolamento social no estado, afirmam os estudiosos.


Segundo Ricardo Moura, pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência da Universidade Federal do Ceará, fevereiro e abril foram os meses mais violentos desde o início da série histórica, em 2013.

Bairro dividido por facções


Diferentes causas explicam o fenômeno, segundo Moura, entre elas as disputas territoriais das facções criminosas. Um exemplo é o assassinato do coroinha Jefferson Brito Teixeira, de 14 anos, morto em Barra do Ceará, em Fortaleza, em agosto. A Área Integrada de Segurança que o bairro integra teve a maior queda em 2019 e o maior aumento do estado em 2020.

Segundo o Ministério Público, o rapaz foi morto devido a três cortes que tinha na sobrancelha. Os envolvidos no crime acreditaram que os cortes simbolizavam uma facção criminosa rival. Um funcionário da paróquia, porém, diz que o rapaz não tinha envolvimento com crimes e que o bairro vive com medo, sob o controle de facções criminosas.

“Aqui hoje o bairro é dividido por facções. A paróquia fica numa região comandada por uma facção. Aqui pertinho, a apenas duas quadras, já é de outra. Aí fica a confusão. Não podemos nem atravessar a rua. Não conseguimos realizar nosso trabalho de maneira perfeita por conta da violência”, desabafa.

G1/CE

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