O
Ceará é o destaque negativo no combate à violência em 2020. O estado
teve o maior aumento da violência no ano passado em relação a 2019,
conforme dados do Monitor da Violência, índice nacional de homicídios
criado pelo G1, com base nos dados oficiais dos 26 estados e do Distrito
Federal.
Após um ano de queda em 2019, o
número de mortes violentas no estado do Ceará disparou: passou de 2.235
em 2019 para 4.039 em 2020. Ao contrário de outros estados, o isolamento
social estimulado pelas autoridades por conta da pandemia da Covid-19
não impediu o aumento das mortes em nenhum dos 12 meses.
Uma
das causas deste aumento, segundo especialistas, é o motim dos
policiais militares que ocorreu há um ano, em fevereiro de 2020. Durante
os 13 dias da greve policial, houve 312 homicídios, uma média de 26 por
dia. Antes, a média era de 8 por dia. Mas o fato não é o suficiente
para explicar, por exemplo, o aumento de 105% em abril, no primeiro mês
das medidas de isolamento social no estado, afirmam os estudiosos.
Segundo
Ricardo Moura, pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência da
Universidade Federal do Ceará, fevereiro e abril foram os meses mais
violentos desde o início da série histórica, em 2013.
Bairro dividido por facções
Diferentes
causas explicam o fenômeno, segundo Moura, entre elas as disputas
territoriais das facções criminosas. Um exemplo é o assassinato do
coroinha Jefferson Brito Teixeira, de 14 anos, morto em Barra do Ceará,
em Fortaleza, em agosto. A Área Integrada de Segurança que o bairro
integra teve a maior queda em 2019 e o maior aumento do estado em 2020.
Segundo
o Ministério Público, o rapaz foi morto devido a três cortes que tinha
na sobrancelha. Os envolvidos no crime acreditaram que os cortes
simbolizavam uma facção criminosa rival. Um funcionário da paróquia,
porém, diz que o rapaz não tinha envolvimento com crimes e que o bairro
vive com medo, sob o controle de facções criminosas.
“Aqui
hoje o bairro é dividido por facções. A paróquia fica numa região
comandada por uma facção. Aqui pertinho, a apenas duas quadras, já é de
outra. Aí fica a confusão. Não podemos nem atravessar a rua. Não
conseguimos realizar nosso trabalho de maneira perfeita por conta da
violência”, desabafa.
G1/CE
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