Em discurso no
plenário, deputado Anthony Garotinho (PR-RJ), discípulo de Leonel Brizola, pede
que a emissora da família Marinho seja ouvida pela Comissão da Verdade, por ter
mentido durante o regime militar no episódio das Diretas-Já; ele denunciou
ainda suposta conta em paraíso fiscal de João Roberto Marinho e citou até
envolvimento do diretor de jornalismo Ali Kamel no caso Banestado; discurso vem
dias depois de uma denúncia na revista Época contra o parlamentar, que concorre
ao governo do Rio e, hoje, lidera as pesquisas; "Pode vir quente que eu
estou fervendo", avisa Garotinho; será que a briga com a Globo aumenta ou
reduz suas chances de vitória?
30 DE ABRIL DE 2013
Comprar uma briga com o
toda-poderosa Globo é uma boa ou má escolha para um político que concorre ao
governo do Rio de Janeiro? O deputado Anthony Garotinho (PR-RJ), que hoje
lidera as pesquisas no estado, à frente do senador Lindbergh Farias (PT-RJ) e
do vice-governador Luiz Fernando Pezão, do PMDB, já fez sua escolha. Dias
depois de ser alvo de uma denúncia na revista Época (leia mais aqui), ele
partiu com tudo para cima da Rede Globo e bateu pesado no império da família
Marinho, ao discursar no plenário da Câmara dos Deputados. Defendeu a
convocação da emissora pela Comissão da Verdade, denunciou uma suposta conta de
João Roberto Marinho num paraíso fiscal e citou até o suposto envolvimento do
diretor de jornalismo, Ali Kamel, no caso Banestado. "Pode vir quente que
eu estou fervendo", disse o deputado, que é discípulo de Leonel Brizola,
um dos poucos políticos brasileiros que ousou enfrentar a Globo – e venceu.
Abaixo, o discurso de
Garotinho:
O SR. PRESIDENTE (Henrique
Eduardo Alves) - Com a palavra o Deputado Anthony Garotinho, para uma
Comunicação de Liderança, pelo Bloco PR.
O SR. ANTHONY GAROTINHO
(Bloco/PR-RJ. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, meus
colegas Deputados, no final de semana, fui surpreendido por uma matéria
publicada na revista Época, de propriedade das Organizações Globo, uma
verdadeira salada. A matéria não dizia coisa com coisa, tentando induzir o
eleitor, como se eu tivesse feito alguma coisa errada ao alugar, com a quota
parlamentar, um carro aqui em Brasília, para meu uso pessoal,de uma empresa que
licitamente ganhou a concorrência na Prefeitura de Campos.
As Organizações Globo, Sr.
Presidente, há muito tempo, têm essa mania de afrontar as pessoas, de mentir,
de caluniar. Alguns recuam. Eu, como não devo nada à Globo e sei que aquela
matéria é mentirosa, falsa e eleitoreira, quero fazer aqui um desafio aos
autores da matéria e aos proprietários das Organizações Globo.
Sr. João Alberto Marinho,
Sr. José Roberto Marinho — seu irmão —, quem comprou a TV Globo de São Paulo
com uma procuração falsa foi o seu pai, não foi ninguém da família Garotinho, e
ninguém toma atitude contra vocês porque neste País a Justiça tem medo das
Organizações Globo. O processo se arrasta há anos, trocando de juiz para juiz,
de desembargador para desembargador, e ninguém dá a sentença de uma televisão
comprada com uma procuração falsa, Sr. Presidente.
Quero dizer mais: a família
Garotinho, a D. Rosinha Garotinho, atacada injustamente na matéria; a minha
filha, a Deputada Clarissa Garotinho; e eu fomos eleitos pelo povo. O que vocês
têm vocês ganharam prestando favores à ditadura militar. Vocês ganharam canal
de rádio e canal de televisão prestando serviços aos ditadores de plantão.
Fala-se aí em convocar
Fulano, Beltrano, para ir à Comissão da Verdade. Quem tem que ir à Comissão da
Verdade explicar porque mentiram nas Diretas, quando tinha um comício em São
Paulo e disseram que era comemoração do aniversário da cidade... O Deputado Arlindo
Chinaglia sabe disso. Mentiram no Jornal Nacional.
Eu queria ir um pouquinho
mais além. O Sr. João Roberto Marinho deveria explicar porque no ano de 2006
tinha uma conta em paraíso fiscal não declarada à Receita Federal, com mais de
100 milhões de reais, e porque a Receita Federal não fez nada em 2006. Deveria
explicar mais: o Sr. Ali Kamel estava na lista dos que estavam com dinheiro no
escândalo do BANESTADO. O Sr. Ali Kamel é o editor do Jornal Nacional, Diretor
de Jornalismo da Globo.
Olhem o rabo de vocês. Vocês
não têm autoridade moral para criticar ninguém na política deste País, muito
menos alguém que foi Prefeito da sua cidade duas vezes, Governador de Estado,
Secretário de Estado três vezes, Deputado Estadual, Deputado Federal, minha esposa
é Prefeita pela segunda vez, minha filha é Deputada, e eu moro na mesma casa em
que nasci, na Rua Saturnino Braga, 44, no Bairro da Lapa.
Então, estou hoje aqui
indignado e peço que V.Exa. e os colegas votem o projeto de direito de resposta
sumário, porque se não essa gente vai continuar fazendo isso. Mentem e daqui a
5 anos, nós vamos ganhar o direito de resposta.
Se a Globo pensa que vai
fazer comigo o que ela faz com Sérgio Cabral, com Eduardo Paes e aquele bando
de frouxos do PMDB do Rio de Janeiro, que não aguentam uma notinha no Jornal
Nacional, que não aguentam uma notinha na Coluna do Ancelmo Gois, estão muito
enganados. Pode vir quente que eu estou fervendo.
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