O
interior do Estado do Ceará ganha mais dois aliados na difícil luta
contra as drogas. Duas novas Casas para Recuperação de Dependentes
Químicos serão abertas ainda neste semestre: uma em Crateús, na região
dos Inhamuns, e outra no Cariri, no Município de Mauriti. Cem novos
pacientes serão tratados nas duas novas unidades terapêuticas.
Em
Crateús, a Casa funcionará a partir de abril no distrito de Realejo,
distante cerca de 40 quilômetros da sede. O Projeto deve atender
inicialmente a 30 residentes e contará com um local específico para
tratamento do público infantil.
A
secretária municipal de Assistência Social de Crateús, Luciene Rolim
Bezerra, explica que a Casa terá o apoio de uma equipe de profissionais
do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps-AD) para dar
suporte terapêutico aos usuários. “Também temos um grupo de atendimento à
família dos dependentes químicos, chamado de Flor do Mamulengo”,
relata. Segundo ela, a assistência social apoia a família, o usuário e o
acompanha durante todo o fluxo de atendimento e tratamento. “O crack é a droga mais utilizada pelos usuários, seguido de maconha e cocaína”, enumera Luciene.
A secretária municipal conta em entrevista à Agência CNM
que desde 2010 a prefeitura, em parceria com a comunidade, promove o
trabalho de enfrentamento às drogas. Como resultado dos esforços, o
Município criou um Conselho de Política sobre Drogas e está elaborando
um Plano Municipal de Enfrentamento às drogas ainda para 2013. “A
prefeitura investe mais de R$ 10 mil reais por mês com os projetos na
luta contra as drogas”, estima a secretária municipal.
Mapeamento do problemaPara
descobrir os bairros mais vulneráveis, a prefeitura fez um mapeamento. O
bairro de Frei Damião, na periferia do Município, foi considerado o
mais perigoso e com maior número de usuários de drogas. Para tentar
lutar contra o problema de dentro da comunidade, a prefeitura implantou
um Centro de Referência de Assistência Social (Cras), uma cozinha
comunitária e uma creche.
"A
classe mais pobre é a que mais sofre com a problemática porque tem
menos acesso às políticas", ressaltou a secretária, informando que há no
Município quatro leitos no Hospital São Lucas apropriados para receber
dependentes químicos, mas que aposta "nos resultados positivos das
comunidades terapêuticas".
GestantesO
Município de 75 mil habitantes também sofre com os casos de gestantes
dependentes. Luciene conta que o Município ainda não tem uma casa
especializada para atender às mães usuárias. “O que nos preocupa é o
abandono dessas crianças, pois já tivemos casos assim. Essa semana uma
das usuárias deixou a família sem casa para pagar uma enorme dívida dela
com o tráfico”, exemplifica Luciene.
De
acordo com informações da Defensoria do Ceará, em 2012, vinte crianças
foram deixadas nos berçários somente nas maternidades públicas, número
superior ao de 2011, quando apenas quatro crianças foram abandonadas
pelas mães e familiares nos hospitais da rede pública de saúde.
RepressãoA
maior reclamação de Luciene é que o Município não consegue reprimir o
tráfico, o que torna o consumo de fácil acesso. “É preciso ação da
Polícia Federal para reprimir os casos de tráfico. Temos relatos que os
traficantes trazem metade do produto para venda e metade para viciar o
novo usuário”, conta.
De
acordo com a secretária, falta ajuda da União e do Estado na questão da
repressão, “não adianta todo esse trabalho se a droga circula de forma
tão fácil”, cobra.
CaririNa
localidade de Coité, na zona rural de Mauriti, o início da construção
da unidade está previsto para o próximo mês de julho, estando em
condições de funcionamento até o final do ano. Inicialmente, deverá
abrigar cerca de 70 pessoas. Com características de atendimento
regionalizado, o empreendimento também deverá receber pacientes para
tratamento de cidades vizinhas.
"O
projeto permaneceu parado, por algum tempo, devido à falta de recursos.
Nós retomamos as discussões e, com o auxílio do governo do Estado, que
já liberou verba, através da Secretaria de Saúde, nós agora daremos
início à fase de licitação e, conforme o cronograma, a unidade deverá
funcionar até o início do mês de dezembro", avalia o prefeito de
Mauriti, Evanildo Simão.
A
unidade deverá ser construída em uma área de 60 hectares e vai ofertar
atividades de fabricação de massas e biscoitos, artesanato, trabalhos
domésticos, serviços de jardinagem, atividades físicas, terapia
ocupacional, dentre outros. Todas as atividades serão acompanhadas por
profissionais da área da saúde, como psicólogos e também terapeutas.
Atualmente,
três outros Municípios cearenses já contam com unidades da instituição
beneficente para tratamento de dependentes do álcool e das drogas:
Sobral, na região Norte do Estado; Pacatuba, na região metropolitana de
Fortaleza, e a própria capital, Fortaleza.
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