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segunda-feira, 29 de abril de 2013

Municípios cearenses terão casas de apoio para dependentes

Agência CNMAgência CNMO interior do Estado do Ceará ganha mais dois aliados na difícil luta contra as drogas. Duas novas Casas para Recuperação de Dependentes Químicos serão abertas ainda neste semestre: uma em Crateús, na região dos Inhamuns, e outra no Cariri, no Município de Mauriti.  Cem novos pacientes serão tratados nas duas novas unidades terapêuticas.
Em Crateús, a Casa funcionará a partir de abril no distrito de Realejo, distante cerca de 40 quilômetros da sede. O Projeto deve atender inicialmente a 30 residentes e contará com um local específico para tratamento do público infantil.
A secretária municipal de Assistência Social de Crateús, Luciene Rolim Bezerra, explica que a Casa terá o apoio de uma equipe de profissionais do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps-AD) para dar suporte terapêutico aos usuários. “Também temos um grupo de atendimento à família dos dependentes químicos, chamado de Flor do Mamulengo”, relata. Segundo ela, a assistência social apoia a família, o usuário e o acompanha durante todo o fluxo de atendimento e tratamento. “O crack é a droga mais utilizada pelos usuários, seguido de maconha e cocaína”, enumera Luciene.
Agência CNMAgência CNMA secretária municipal conta em entrevista à Agência CNM que desde 2010 a prefeitura, em parceria com a comunidade, promove o trabalho de enfrentamento às drogas. Como resultado dos esforços, o Município criou um Conselho de Política sobre Drogas e está elaborando um Plano Municipal de Enfrentamento às drogas ainda para 2013. “A prefeitura investe mais de R$ 10 mil reais por mês com os projetos na luta contra as drogas”, estima a secretária municipal.
Mapeamento do problemaPara descobrir os bairros mais vulneráveis, a prefeitura fez um mapeamento. O bairro de Frei Damião, na periferia do Município, foi considerado o mais perigoso e com maior número de usuários de drogas. Para tentar lutar contra o problema de dentro da comunidade, a prefeitura implantou um Centro de Referência de Assistência Social (Cras), uma cozinha comunitária e uma creche.
"A classe mais pobre é a que mais sofre com a problemática porque tem menos acesso às políticas", ressaltou a secretária, informando que há no Município quatro leitos no Hospital São Lucas apropriados para receber dependentes químicos, mas que aposta "nos resultados positivos das comunidades terapêuticas".
GestantesO Município de 75 mil habitantes também sofre com os casos de gestantes dependentes. Luciene conta que o Município ainda não tem uma casa especializada para atender às mães usuárias. “O que nos preocupa é o abandono dessas crianças, pois já tivemos casos assim. Essa semana uma das usuárias deixou a família sem casa para pagar uma enorme dívida dela com o tráfico”, exemplifica Luciene.
De acordo com informações da Defensoria do Ceará, em 2012, vinte crianças foram deixadas nos berçários somente nas maternidades públicas, número superior ao de 2011, quando apenas quatro crianças foram abandonadas pelas mães e familiares nos hospitais da rede pública de saúde.
ABrABrRepressãoA maior reclamação de Luciene é que o Município não consegue reprimir o tráfico, o que torna o consumo de fácil acesso. “É preciso ação da Polícia Federal para reprimir os casos de tráfico. Temos relatos que os traficantes trazem metade do produto para venda e metade para viciar o novo usuário”, conta.
De acordo com a secretária, falta ajuda da União e do Estado na questão da repressão, “não adianta todo esse trabalho se a droga circula de forma tão fácil”, cobra.
CaririNa localidade de Coité, na zona rural de Mauriti, o início da construção da unidade está previsto para o próximo mês de julho, estando em condições de funcionamento até o final do ano. Inicialmente, deverá abrigar cerca de 70 pessoas. Com características de atendimento regionalizado, o empreendimento também deverá receber pacientes para tratamento de cidades vizinhas.
"O projeto permaneceu parado, por algum tempo, devido à falta de recursos. Nós retomamos as discussões e, com o auxílio do governo do Estado, que já liberou verba, através da Secretaria de Saúde, nós agora daremos início à fase de licitação e, conforme o cronograma, a unidade deverá funcionar até o início do mês de dezembro", avalia o prefeito de Mauriti, Evanildo Simão.
A unidade deverá ser construída em uma área de 60 hectares e vai ofertar atividades de fabricação de massas e biscoitos, artesanato, trabalhos domésticos, serviços de jardinagem, atividades físicas, terapia ocupacional, dentre outros. Todas as atividades serão acompanhadas por profissionais da área da saúde, como psicólogos e também terapeutas.
Atualmente, três outros Municípios cearenses já contam com unidades da instituição beneficente para tratamento de dependentes do álcool e das drogas: Sobral, na região Norte do Estado; Pacatuba, na região metropolitana de Fortaleza, e a própria capital, Fortaleza.

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