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segunda-feira, 2 de julho de 2018

AVC também afeta os mais jovens

Principal causa de morte entre pessoas acima de 60 anos, o AVC não assusta só os mais velhos. No Brasil, quase 8% dos pacientes na rede pública têm menos de 45 anos

Eurijane Torres sobreviveu a um AVC aos 37 anos Mateus Dantas
Eurijane Torres sobreviveu a um AVC aos 37 anos Mateus Dantas
 
Eurijane Torres recebe a reportagem com um largo sorriso no rosto, um efusivo boa tarde e um caminhar seguro rumo a um abraço de carinho genuíno. 

A alegria que transparece e a frase "eu sou um milagre" colada na parede da sala dão um pouco a ideia de que vida e felicidade caminham lado a lado. 

No dia dos pais de 2014, ela almoçava com os irmãos, a mãe e o pai quando sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) de grande extensão. Na época, tinha 37 anos. 

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), anualmente são mais seis milhões de mortes por AVC em todo o mundo, sendo a segunda maior causa de óbitos no planeta. Se antes era um problema que acometia pessoas mais idosas, os dados apontam uma incidência crescente em pessoas jovens.

De acordo com o Ministério da Saúde, de 2016 até março deste ano, foram registrados 427.587 procedimentos de tratamento de casos de AVC, sendo que 33.297 (7,8%) pacientes tinham idade inferior a 45 anos. 

No mesmo período, foram registrados 69.810 óbitos em pacientes que receberam atendimento hospitalar no Sistema Único de Saúde (SUS). Desses 4.141 óbitos (12,4%) em pacientes considerados jovens. Segundo a OMS, o AVC é a principal causa de morte para pessoas acima de 60 anos e a quinta maior para os que têm entre 15 e 59 anos.

Por estar ao lado da família e ter recebido um atendimento relativamente rápido, Eurijane sobreviveu. Não só a esse, mas também a outros quatro AVCs de menor extensão que teve depois de voltar para casa, após cirurgia e meses de internação. Joana D'Arc Torres, a mãe, relembra que os prognósticos médicos não eram bons.

"No primeiro AVC, ela estava comigo e disse que ia passar mal. As pernas amoleceram e todo mundo segurou para ela não cair. Eu vi que o ombro dela estava um pouco largado e percebi que ela não falava, mas estava com olho aberto. Até o hospital, ela teve quatro convulsões no carro. Os médicos falaram que, provavelmente, ela não amanheceria o dia seguinte. Ela amanheceu, fez uma cirurgia e ficou dois meses internada. Mas nos falaram que ela não ia mais andar ou falar", conta.

"A primeira palavra foi amor", complementa Eurijane.

Quase quatro anos depois, Eurijane anda e fala. Vai duas vezes por semana às sessões de fisioterapia e fonoaudiologia e suas capacidades de mobilidade e comunicação oral evoluem. Vira e mexe, pega um Uber e vai ao shopping fazer compras. "Só o necessário", brinca.

Ela já chegou a viajar com as três irmãs para a Argentina e se emocionou ao visitar as crianças na escola onde era professora de inglês.

Além da mãe, o marido Pedro - com quem é casada há 16 anos - e os filhos Pedro Filho, 13, Davi, 8, e Daniel, 7, a acompanham na recuperação diária. A vida de todos mudou, tanto em rotina, quanto em significado. "Tudo que aconteceu foi muito mais que pedi a Deus. 

Ela pode fazer tudo normal. A gente se sente mais família. Mais compreensão de fazer declarações de amor uns para os outros. E de que é importante fazer isso agora, não deixar para depois", complementa Joana.

Para descrever essa nova vida e o futuro, Eurijane enumera palavras e sentimentos. "Vai vencer. Esperança".

JOÃO MARCELO SENA
O Povo

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