A iniciativa busca incentivar produtores rurais a investir na produção de leite de cabra, que é de baixo custo. O projeto é desenvolvido pelo IFCE, campus do Crato
Por Tribuna do Ceará
A iniciativa busca motivar produtores rurais a investir na atividade, que é de baixo custo e pode promover o aumento da renda na região.
Bruno Rocha, um dos servidores do Instituto Federal de Educação (IFCE) à frente do projeto explica que os rebanhos no Nordeste são mais voltados para a produção de carne, por uma questão cultural.
“A cultura do leite ainda é pouco caracterizada por aqui. Tem-se que a cabra fede, e esse leite também fede, mas quando a gente observa a produção em um rebanho orientado, da forma correta, os produtos serão de excelente qualidade”, relata Bruno.
O projeto é desenvolvido pelo campus de Crato do IFCE. A iniciativa está na fase de capacitação de estudantes da graduação em Zootecnia.
“A gente vai trabalhar a porteira, que é dentro da fazenda, com as boas práticas de produção de leite, vai trabalhar o fora da porteira, que são boas práticas para industrialização do leite de cabra, com queijos finos, por exemplo, e também a questão do comércio, com degustação e eventos.
Com isso, esperamos alavancar a caprinocultura de leite na região“, explica o servidor, que coordena o setor de ovinos e caprinos do campus.
Eles trabalham com manejo, melhoramento genético, com a questão ambiental e sustentabilidade da produção e também com a produção de queijos.
São seis estudantes e cinco servidores, entre professores e técnicos-administrativos, atuando em conjunto. Nos municípios de Altaneira e Farias Brito, já realizam visitas a produtores, com o objetivo de incentivar a produção de leite de cabra.
Segundo Bruno, o leite de cabra tem uma
produtividade maior em relação ao leite de vaca. Embora uma cabra
produza cerca de três litros de leite por dia e a produção de uma vaca
possa chegar a 15 litros, os custos da caprinocultura são mais baixos.
Uma vaca de 300 quilos precisa, por exemplo, de 12 quilos de matéria
seca (o alimento sem água) por dia; já a alimentação de uma cabra de 30
quilos pode ser feita com 900 gramas de matéria seca.
O consumo de uma vaca,
portanto, equivale ao de quase dez cabras, um rebanho que produz o
dobro de leite – se uma vaca produz 15 litros, dez cabras podem produzir
30 litros.
Renda
De baixo custo de produção, a caprinocultura de leite é capaz de aumentar a renda do produtor rural.
Enquanto o leite de vaca, bem mais comum, vale cerca de R$ 1 quando não
é beneficiado, o leite de cabra chega a valer R$ 2,60 antes de passar
pelo processo.
Já o quilo do queijo bovino custa em média R$ 12,
enquanto alguns queijos de cabra podem valer até cinco vezes mais, quase
R$ 70. “O leite de cabra é mais valorizado, por mais que o mercado
entenda que esse leite ainda não está disponível”, explica Bruno.
O
leite tem ainda um teor mais baixo de lactose, o que permite que algumas
pessoas com intolerância à proteína possam consumi-lo.
Ele conta também que a produção de
derivados faz parte do projeto: “A gente busca uma identidade própria,
como em Minas Gerais tem o queijo da Serra da Canastra, nós queremos o
queijo com identidade do Cariri cearense. Mais na frente, teremos o
queijo condimentado com pequi.Queremos agregar algumas ervas da nossa
região, para que futuramente possamos levar esse queijo para todo o
Brasil”.
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