A mesa do laboratório estava energizada e o celular com falhas de isolamento por conta de danos. Segundo a perícia, a junção das situações causou a morte de Iago

De acordo com a Pefoce, o adolescente recebeu duas cargas elétricas, sendo que uma delas com com maior intensidade e duração de 18 segundos. O fechamento do circuito elétrico por meio do corpo aconteceu por meio do celular, que estava na mão esquerda, e a estrutura da bancada metálica do laboratório, que a vítima estava com o pé esquerdo encostado.
Fernando Viana Queiroz, do Núcleo de Perícia de Engenharia Legal e Meio Ambiente, desmistificou ideias de que a carga teria sido ocasionada pelo cabo USB. " Especulou-se muito em cima do cabo USB, ele fornece cinco volts e não é suficiente para causar uma lesão que venha proporcionar a morte de uma pessoa", afirma o especialista.
O engenheiro relata que o laboratório de informática era novo, mas apresentava irregularidades. "Não era para haver abertura da parede que apresentava fios expostos e a bancada era metálica com contato direto com o piso e ainda possuia tomadas", disse.

No celular da vítima, o revestimento metálico apresentava uma camada de isolamento, mas não poderia ser totalmente metalizado, conforme a perícia. Justamente para evitar uma quebra de corrente, porém foi verificado que apresentava algumas avarias. Na parte superior, próximo ao fone, também foi idenificada uma falha. Havia uma fuga de corrente pelo celular.
O laudo concluiu que a bancada estava energizada por algum erro na instalação elétrica do local. Foi constado que a vítima ficou recebendo a descarga elétrica durante aproximadamente 18 segundos até a intervenção do professor. "Passou corrente, circulou pelo celular, entrou no computador, entrou na rede, passou pela bancada até que se tirou o circuito, que foi a retirada da USB do computador. A vítima deixou de receber a descarga", relatou.
As câmeras do laboratório registraram que 4 minutos antes de receber a descarga fatal, a vítima recebeu uma outra, mas soltou o celular e 4 minutos depois, pela contração muscular, foi impossível soltar. Foi constatado também que a descarga passou pelo coração nesse percurso.

Conforme a verificação da perícia, uma pessoa poderia receber a mesma descarga que Iago por até 10 segundos e teria torno de 50% de chance de sobreviver, mas ela recebeu acima de 10 segundos. O que levanta a questão da inexistência do aparelho de segurança que deveria existir no laboratório.
Segundo o diretor do Departamento do Interior Norte, da Polícia Civil, delegado Marcos Aurélios Elias de França, o inquérito foi iniciado em junho, após a morte do adolescente. Foram ouvidos o professor e os pais de Iago. A Polícia Civil pediu prorrogação do prazo do inquérito ao Ministério Público do Ceará (MPCE) para aguardar o laudo.
O delegado considerou o laudo bastante conclusivo e que vai apurar a responsabilidade sobre o vazamento de corrente pela bancada metálica. "Vamos procurar informações sobre quem instalou o equipamento, a responsabilidade da escola", relatou.
O delegado informou que após a morte do adolescente, o laboratório de informática foi interditado e que vai requerer os documentos de alvará de funcionamento do local. As pessoas responsabilizadas podem ser indiciadas por homicídio culposo.
JÉSSIKA SISNANDO