A Polícia Civil investiga uma mulher suspeita de sequestrar uma jovem
de 18 anos e obrigá-la a circular pelas ruas de Barretos (SP) dentro de
um carro, completamente nua, com a cabeça e a sobrancelha raspadas.
O motivo da humilhação seria traição: a vítima estava se relacionando
com o marido da suspeita, que está preso no Centro de Detenção
Provisória de Taiúva (SP). O delegado Marcos Eduardo Marques disse que a
mulher foi intimada a prestar depoimento, mas não compareceu.
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Procurada, a suspeita disse por telefone que não queria comentar o
assunto. A reportagem esteve na casa dela, mas os vizinhos afirmaram que
ela se mudou do endereço.
Vídeo
O caso ocorreu em junho, mas ganhou repercussão depois que o vídeo foi
publicado nas redes sociais. Nas imagens, a mulher dirige o automóvel,
enquanto a jovem está nua no banco do passageiro, com as mãos sobre as
partes íntimas e os seios.
“Ainda bem que você não quer ele. Ele pode ficar com qualquer uma,
menos com você, porque você é tirada da favela. Apesar de que ele
também, né?! Dois tirados da favela não dá nada”, diz a suspeita ao
volante.
Em seguida, a mulher estaciona e pede para uma amiga, que está no banco
traseiro gravando o vídeo com um celular, descer do veículo e comprar
um aparelho de barbear descartável. A suspeita raspa a sobrancelha da
vítima, que já está com a cabeça toda raspada.
O caso é investigado pela Delegacia de Defesa da Mulher de Barretos. O
delegado afirmou que o inquérito apura os crimes de sequestro e cárcere
privado na forma qualificada, uma vez que as atitudes da suspeita
causaram sofrimento físico e moral à vítima.
O vice-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Belisário Rosa
Leite Neto, assistiu às cenas compartilhadas na internet e disse que a
mulher pode responder também pelos crimes de lesão corporal grave e
tortura, dependendo do entendimento da Justiça.
“É um vídeo que chega a ser nojento, cruel. Isso é crueldade contra um ser humano. A sociedade não admite isso nem contra um animal, quanto mais contra um ser humano. É um vídeo extremamente violento”, disse o vice-presidente da OAB.
Presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB, a advogada Fernanda
Morato da Silva Pereira disse que não pode tomar as medidas judiciais
cabíveis, sem que a família da jovem faça uma denúncia à entidade.
“Em uma trajetória de luta da mulher, em que ela vem querendo se
empoderar, ver uma mulher com o cabelo raspado e sendo humilhada
publicamente, nua, me deixa, particularmente, frustrada”, desabafou.
G1
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