Especialista admitiu a existência de uma ligação entre o uso do imunizante da AstraZeneca e uma deficiência plaquetária entre adultos, apesar de ainda não saber o que causa essa reação
O responsável pela estratégia de vacinas da Agência Europeia de Medicamentos (EMA), Marco Cavalieri, admitiu a existência de uma relação entre o uso da vacina de Oxford e um número maior do que o esperado de casos de trombose com deficiência plaquetária entre adultos.
“É cada vez mais difícil dizer que não existe uma relação de causa e efeito entre a vacinação com AstraZeneca e casos muito raros de coágulos sanguíneos inusuais associados com contagem baixas de plaquetas. Na minha opinião, agora podemos dizer que está claro que há uma associação. Contudo, ainda não sabemos o que causa essa reação”, afirmou o especialista em entrevista ao jornal italiano Il Messaggero publicada nesta terça-feira, 6.
Cavalieri acrescenta que há uma incidência maior de casos de trombose entre as mulheres que receberam o imunizante, o que torna necessário estudar “a relação entre risco e benefício”.
A expectativa é que a EMA formalize nesse mesmo dia suas novas conclusões em relação à vacina contra Covid-19 desenvolvida pela AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford.
As declarações de Marco Cavalieri foram feitas em um momento crítico para o imunizante. Recentemente, a Alemanha, o Canadá e a Holanda afirmaram que não utilizarão o produto da AstraZeneca em adultos, que parece ser a faixa etária em que o problema é mais recorrente.
A Holanda informou que recebeu cinco relatos de mulheres de 25 a 65 anos que desenvolveram trombose após serem vacinadas no país, sendo que uma delas morreu de embolia pulmonar extensa dez dias após receber a vacina de Oxford.
Na Alemanha, foram 31 casos de trombose e nove vítimas fatais, sendo dois homens de 36 e 57 anos e sete mulheres com idades entre 20 e 63 anos.
O Canadá, por sua vez, não registrou nenhum caso de problemas de coagulação do sangue após aplicação do imunizante da AstraZeneca, mas se mostrou preocupada com a recorrência em outros países e pediu que a própria farmacêutica realizasse um estudo específico sobre possíveis efeitos colaterais dentro do contexto do seu território.
A Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos para a Saúde do Reino Unido se posicionou a favor da manutenção do uso dessa vacina no último dia 4, apesar de ter identificado 30 casos de coágulos sanguíneos. O órgão justificou que os riscos são “muito pequenos”, visto que 18,1 milhões de pessoas receberam o imunizante no país. “A decisão de risco e benefício que as pessoas têm quando convidadas a receber a vacina é simples: receber a vacina é de longe a opção mais segura”, garantiu Adam Finn, integrante do Comitê Conjunto de Vacinação e Imunização.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a EMA também já tinham se posicionado sobre o assunto nos dias 17 e 18 de março, respectivamente, afirmando não existir uma ligação direta entre a vacina e os casos de trombose reportados em diversos países. No entanto, a insistência de algumas nações fez com que a EMA anunciasse estar investigando o assunto novamente.
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