Conforme o diretor de Operações da Cogerh, a região do Jaguaribe,
o agronegócio e os perímetros irrigados consomem, sozinhos, quase a
mesma quantidade de água que toda a cidade de Fortaleza
FOTO: HONÓRIO BARBOSA
Sem chuva, o nível dos reservatórios decresce gradativamente a cada dia. Em um ano, o volume de armazenamento diminuiu 31,9%. Eram 6,4 bilhões de metros cúbicos de água em novembro de 2013 (34,6%), reduzindo para 4,4 bilhões de metros cúbicos em novembro deste ano (23,5%). Das 12 bacias hidrográficas monitoradas pela Cogerh, 11 estão com menos de 30% de volume armazenado.
A situação mais crítica é a dos Sertões de Crateús, que apresenta o alarmante índice de 1% de volume armazenado - 4,6 milhões de m³ de água, seguida da bacia do Curu (3,3% - 34,5 milhões de m³) e do Baixo Jaguaribe, com 3,5% de armazenamento (841.937 m³). Com volume de 48,3%, a bacia do Alto Jaguaribe é a que apresenta maior armazenamento. São 1,2 bilhão de metros cúbicos de água.
"Nenhuma região do mundo aguenta ficar quatro anos com o sistema abaixo da média. Estamos suportando, porque foram feitos muitos investimentos ao longo dos anos, se não já estaríamos sem água", destaca Ricardo Adeodato, diretor de Operações da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh).
Dentre as medidas implantadas, cita a construção do Canal do Trabalhador, que garantiu o abastecimento de água de Fortaleza. Destaca também o diálogo com a sociedade por intermédio dos gestores, buscando encontrar uma maneira inteligente de utilizar essa água para que não falte para o consumo humano.
Mesmo que não chova no ano que vem, o diretor da Cogerh garante que Fortaleza e a Região Metropolitana possuem segurança hídrica para todo o ano de 2015. Conforme simulação feita pelo órgão, o açude Castanhão, que está com 1,9 bilhão de m³ - 28,8% de armazenamento -, deverá terminar 2015 com apenas 11% de volume de água. Porém, é uma água que está findando.
Desperdício
Adeodato chama a atenção para a necessidade de economizar. "A população desperdiça muita água, a indústria precisa intensificar o reúso e o agronegócio, vinculado aos perímetros irrigados - que consomem uma quantidade muito grande de água -, têm que melhorar as suas tecnologias de irrigação.
Ele acrescenta que, na região do Jaguaribe, o agronegócio e os perímetros irrigados consomem, sozinhos, quase a mesma quantidade de água que toda a cidade de Fortaleza. "Eles precisam melhorar a essência dos processos de irrigação, existem alguns sem desperdício", reforça. Os piores que cita são os por inundação e pivô central. Já os que considera mais eficiente é a irrigação por gotejamento.
176 cidades estão em situação de emergência
O secretário nacional de Proteção e Defesa Civil, Adriano Pereira Júnior, reconheceu, ontem, a situação de emergência de 176 municípios cearenses em decorrência da seca, que se alastra pelo terceiro ano consecutivo. Apenas oito municípios não entraram na lista: Fortaleza, Juazeiro do Norte, Barbalha, Guaramiranga, Horizonte, Maracanaú, Eusébio e Itaitinga. Entre os citados, estão cidades como Sobral, Maranguape e Caucaia.
Nelson Martins, titular da Secretaria de Desenvolvimento Agrário do Estado (SDA), destaca que a medida é importante para renovar situações emergenciais, como fornecimento de carros-pipa, perfuração de poços, sistema de abastecimento de água, construção de cisternas.
Benefício
No Ceará, em torno de 168 mil agricultores receberam ou estão recebendo o benefício do garantia-safra, referente à safra de 2013/2014. O valor investido até agora é de R$ 142,5 milhões. Pelo benefício, o agricultor recebe R$ 850, dividido em cinco parcelas de R$ 170. Só tem direito ao benefício os municípios que tiverem perda de safra igual ou superior a 50%.
Luana Lima
Repórter
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