Para o ex-diretor de Abastecimento, segurar os preços de combustíveis causou prejuízo dez vezes maior do que o esquema de corrupção na estatal
Em seu quarto depoimento a CPIs no Congresso, o ex-diretor d0e Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, chamou de “hipocrisia” as doações de empresas a campanhas eleitorais e afirmou que o governo federal “arrebentou” com a estatal ao segurar o preço da gasolina.
Costa fez críticas à “gestão política” da estatal e calculou que o “rombo” provocado ao segurar os preços dos combustíveis foi dez vezes o prejuízo causado pelo esquema de corrupção investigado na Operação Lava Jato.
“O maior problema da Petrobras, que arrebentou a Petrobras, é a defasagem dos preços dos derivados, que o governo segurou. O governo segurou o preço do diesel, o preço da gasolina, e esses valores possivelmente deram rombo de R$ 60, R$ 80 bilhões. Vamos imaginar que seja R$ 60 [bilhões]. A Lava Jato, com R$ 6 bilhões, dá 10% do rombo da Petrobras”.
Das quatro vezes em que esteve em CPIs, o depoimento desta terça-feira (5) à CPI da Petrobras na Câmara foi o que Costa mais falou. Isso porque toda sua delação premiada já veio a público, o que o permitiu se pronunciar sobre todos os assuntos que tratou junto ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal. A sessão da comissão começou por volta das 14h40 e se estendeu noite a dentro.
Assim como já havia feito nas delações, Costa criticou as doações de empresas privadas às campanhas eleitorais. Disse que os empresários lhe relatavam que faziam as doações para receber algum retorno.
“Por que uma empresa vai doar R$ 20 milhões pra uma campanha se ela não tiver algum motivo na frente pra cobrar isso?”, declarou Costa.
Questionado pelo deputado Ivan Valente (PSOL-SP) se é favorável ao fim das doações privadas, o ex-diretor disse: “Eu acho que pra passar esse país a limpo, sim”.
Ainda perguntado por Valente, Costa confirmou os nomes dos políticos que denunciou em sua delação premiada, dando combustível a críticas do deputado ao fato de que até hoje a CPI não convocou nenhum desses políticos para prestarem depoimento.
Costa citou PP, PMDB e PT como os principais beneficiários, mas citou também o caso da propina ao então senador do PSDB Sérgio Guerra, morto em 2014, para enterrar uma CPI sobre a Petrobras.
Um dos momentos tensos foi quando o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) questionou a Costa sobre os motivos de ter aterrado uma piscina. O caso foi revelado pelo jornal Folha de S.Paulo, que relatou suspeita da Polícia Federal de que a piscina serviu para esconder dinheiro.
(das agências de notícias)
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