O piloto Antenor José Pedreira, 62
anos, vulgo Dodó, que morreu na madrugada de sábado (11 de abril) na queda de
um avião Cessna 210, no Norte do Piauí, continua sendo investigado por uma
série de crimes de tráfico de drogas. Ele é o elo para a Polícia Civil piauiense
desbaratar uma das maiores quadrilhas internacionais de traficantes de drogas
atuante no Nordeste.
Em 2000 o piloto foi indiciado pela
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Narcotráfico, do Congresso Nacional,
acusado de participar de um esquema que movimentava centenas de quilos de
cocaína, armas e ouro, inclusive, envolvendo até altas autoridades de outros
países. Ele tinha sido preso em uma operação da Polícia Federal, em 1999, em
Goiás, acusado de ser transportador de 800 quilos de drogas entre outros países
e o Brasil.
Dodó morreu carbonizado após a
aeronave monomotor que ele pilotava cair e pegar fogo na área limite entre as
comunidades Brasília e Lajeiro, localizadas na zona rural de Assunção do Piauí
(a 280 quilômetros de Teresina).
O piloto era acusado de ser o
responsável pelo arremesso dos pacotes de entorpecentes na região. A droga
seria resgatada por seis homens, todos presos pela Polícia Militar do Ceará, na
divisa cearense com a piauiense. Os acusados foram interrogados, revelando todo
o esquema. Eles estão encarcerados na Casa de Custódia de Teresina.
Os policiais que fazem a investigação
do caso no Piauí dizem que, para não despertar suspeitas, Antenor José Pedreira
jogaria a droga no meio do mato, com a aeronave ainda em movimento. Depois
rumaria para o aeroporto da cidade cearense de Crateús e fingiria que a
aeronave passaria por problemas de abastecimento. Então era aí que a quadrilha
presa (inclusive com combustível) reabasteceria a aeronave e o piloto seguiria
de volta para o estado do Pará, onde estava residindo.
FAZIA PARTE DA QUADRILHA PRESAS EM
1999
A Polícia Federal prendeu em Goiás em 22 de novembro de 1999, três empresários sob acusação de envolvimento com o narcotráfico e apreendeu três aviões que seriam usados no tráfico de cocaína.
Leonardo Dias Mendonça,
agropecuarista, madeireiro e proprietário de fazendas, foi detido em Anápolis,
a 55 km de Goiânia. Os empresários Pedro Misael Alves Ferreira, dono do hangar
Gaivota, no aeroporto de Goiânia e da Gaivota Táxi Aéreo, e Antenor José
Pedreira, proprietário da loja de materiais de construção Brisa em Aparecida de
Goiânia e piloto comercial, foram presos.
Pelas investigações, os empresários
seriam receptadores de cargas de cocaína da Colômbia numa pista clandestina em
Marabá. As prisões foram decretadas pelo juiz federal em Marabá Claudomiro
Sebastião Reis. As investigações começaram há 10 meses em Mato Grosso e no
Pará.
Na mesma operação, a polícia
apreendeu mais três aeronaves: dois Cesna de Ivanilson Aves da Silva, conhecido
como Pezão, preso em Belém sob acusação de narcotráfico, e um bimotor, de
propriedade de Mendonça. A polícia acredita que cada avião fazia quatro viagens
por mês, transportando 200 quilos de cocaína.À época, Dodó residia em Goiás,
mas atuava no Pará, na região de Marabá, de onde saiu o mandado de busca e
apreensão.
FAZIA PARTE DE QUADRILHA PRESA EM
2002
Na internet, o Em Foco encontrou os processos nº 2000.35.00.01517-9 e 2000.35.00.017677-0, do Tribunal Regional Federal da 1ª região com pedido de habeas corpos em favor de Antenor José Pedreira.
Em 09 de dezembro de 2002 Antenor
José Pedreira foi preso em operação desencadeada pela Polícia Federal em
diversos Estados da Federação. Na oportunidade foram presos preventivamente
ainda 21 pessoas. A prisão temporária dos investigados foi deferida em razão de
que, ao longo das investigações policiais, deparou-se a autoridade policial com
uma extensa e complexa estrutura criminosa, supostamente liderada pelo
co-investigado Leonardo Dias Mendonça, a qual foi desenvolvida para operar no
ramo do tráfico internacional de entorpecentes.
Apurou-se, ainda, que a referida
organização criminosa era composta por diversas pessoas, dentre elas advogados
que assumem atividades típicas do tráfico, eis que atuam mediante manobras
judiciais ilícitas, na busca de benefícios para os envolvidos, tudo em troca de
vantagem financeira.
QUEDA DE AVIÃO COM DROGA EM ASSUNÇÃO PIAUÍ,LEVA A POLÍCIA A
DESCOBRIR O MAIOR ESQUEMA DE TRÁFICO DE DROGAS NO CEARÁ
A Delegacia de Entorpecentes de
Teresina começa a dar os primeiros detalhes da finalização do inquérito
policial que investiga a queda do avião carregado de cocaína na cidade de
Assunção do Piauí (a 280 quilômetros da capital). O caso ocorreu no dia 11 de
abril deste ano.O acidente, que matou o piloto Antenor José Pedreira, 62 anos,
mais conhecido por Dodó (já indiciado na CPI do Narcotráfico), é a ponta do
iceberg para o início do desbaratamento da maior quadrilha de tráfico
internacional de cocaína a atuar no Nordeste brasileiro. O Piauí era usado como
rota dessa quadrilha.
Suspeita-se a movimentação de
quase uma tonelada da droga todos os meses. A cocaína era transportada da
região amazônica (já vinda da Bolívia e da Colômbia) até a divisa piauiense com
a cearense.Era jogada em pacotes de 20 a 25 quilos. Depois de localizada por
membros da quadrilha em terra, era levada para pontos de “batismo” (em que
recebia outras substâncias para fazer render a droga) e novamente distribuída,
por terra e por mar, para quase toda a região Nordeste, principalmente áreas de
grandes cidades que concentram turistas estrangeiros e do Sul e do Sudeste.
A Polícia Civil piauiense
trabalha diretamente com vários setores da Polícia Federal (alguns até do Sul
do País) para desbaratar e prender o restante da quadrilha. No mínimo há
envolvimento de outras 20 pessoas no caso. Seis membros (um deles acusado de
ser um dos chefes) estão presos na Casa de Custódia de Teresina. Outros dois
estão no Instituto Penal Paulo Sarasate (em Fortaleza, Ceará) acusados de, na
mesma semana da queda do avião no Piauí, transportarem outros 400 quilos de
cocaína em uma aeronave do mesmo modelo da que caiu no Piauí. Esse segundo
avião descoberto pousaria em municípios do interior cearense.O condutor do caso
no Piauí, delegado Menandro Pedro da Luz, garante que prisões podem ocorrer nos
próximos dias e que o esquema era maior do que poderia imaginar.
As investigações começaram a
afunilar para o mega-esquema após a descoberta da identidade do condutor do
avião que caiu com cocaína no Piauí. Era o piloto. Ele morreu carbonizado.
Descobriu-se que Dodó era o dono da aeronave. Ele já tinha sido preso em outro
mega-esquema de tráfico internacional de drogas, chegando a ser indiciado pela
CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Tráfico de Drogas no Brasil. Com a revelação da identidade, do passado, da
ligação do piloto e de outros elos, ainda mantidos em sigilo, é que as peças do
caso foram montadas. Já está em poder da Polícia Civil do Piauí um organograma
de como funciona, passo a passo, o esquema.
Outras novidades sobre o caso
As investigações sobre a quadrilha ocorrem em segredo de Justiça. O delegado Menandro Pedro (um dos mais experientes da Polícia Civil do Piauí) pouco fala, mas ao ser pressionado não descarta novas prisões e muito menos novas ações.
“Poderemos prender muita gente,
inclusive fora do Piauí”, revelou Menandro Pedro.O único fato que o delegado
confirma por completo é que não pedirá prorrogação do prazo (o delegado tem até
o dia 10 de maio para concluir o inquérito.
Outra novidade sobre o esquema
é que além de atuarem jogando a droga em regiões da divisa do Piauí com o Ceará
(para serem resgatadas por parte da quadrilha e depois recondicionada em balões
e levados em caminhão pipa) a quadrilha também atuava jogando a droga no mar,
sendo resgatada em pequenos barcos. Maneiras de driblar a fiscalização.
O caso gerou tanta repercussão
e é considerado tão importante que tem acompanhamento direto de vários setores
de entorpecentes de Superintendências da Polícia Federal em vários estados
brasileiros. É a PF a responsável direta pela investigação de casos de
narcotráfico internacional. Uma das mais atuantes é a do estado do Paraná.
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