Pasquale Scotti, era sócio da boate Sampa Night Club e morava no bairro do Sancho
Foi preso na manhã desta terça-feira, no Recife, um homem acusado de
liderar uma gangue da máfia italiana. O estrangeiro, condenado à prisão
perpétua pela justiça italiana, estava foragido desde 1986.
Pasquale Scotti se apresentava como empresário na cidade e utilizava
falsa identidade, cadastro de pessoa física e título de eleitor obtidos
ilegalmente.
Scotti foi detido na manhã desta terça-feira, quando levava os dois filhos que teve com uma brasileira à escola. Ele usava o nome de Francisco de Castro Visconti e morava há 28 anos no bairro do Sancho, zona Oeste da cidade, e disse à polícia que a família brasileira não sabia de sua verdadeira identidade. Ele também alegou que fugiu da Europa para o Brasil para não ser morto.
A prisão foi realizada pela Polícia Federal (PF), em ação conjunta com a Interpol.
De acordo com o assessor de comunicação da PF, Giovani Santoro, o estrangeiro importava produtos italianos para o Recife. Scotti também teria sido, há 15 anos, sócio da boate Sampa Night Clube, em Boa Viagem. Ainda segundo o assessor, a prisão foi feita de maneira discreta para não traumatizar as crianças e, agora, o acusado espera na sede da PF a presença da esposa e dos filhos antes de ser encaminhado ao Centro de Observação e Triagem (Cotel), em Abreu e Lima, ou à sede da PF em Brasília, para aguardar extradição.
A comparação das digitais possibilitou à Interpol no Brasil identificar a localização do foragido. A operação foi determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) menos de 24 horas após o pedido formal pela prisão do italiano. Agora, as autoridades italianas darão início ao processo de extradição do acusado para seu país de origem.
O foragido teve sua prisão decretada pela justiça italiana em 1991, após condenação pela prática dos crimes de porte ilegal de armas de fogos, resistência, extorsão e mais de 20 homicídios, crimes cometidos entre 1980 e 1983. De acordo com o inquérito, os integrantes da máfia usavam de armas de fogo, intimidação e ameaça.
Uma entrevista coletiva de imprensa foi concedida no final da manhã pela Polícia Federal em Brasília, no edifício sede da PF, no Distrito Federal. À tarde, o superintendente da PF em Pernambuco, Marcelo Diniz, também falará sobre o caso, no Recife.
Histórico - Pasquale Scotti foi descrito como uma personalidade suave e implacável, de laços estreitos com os serviços secretos. Desde 1985, estava na "maior lista de procurados" do ministério italiano do Interior por homicídio, ocultação de cadáver e outros crimes. Em 17 de janeiro de 1990, um mandado de captura internacional foi emitido contra ele, para ser preso para a extradição.
Em janeiro de 2005, o italiano recebeu uma sentença de prisão perpétua por uma série de 26 assassinatos registrados entre os anos de 1982-1983, durante a guerra entre a Camorra NCO e a Nuova Famiglia. Chegaram a ser feitas especulações de que ele teria sido morto por facções rivais na Camorra, por ter virado testemunha do estado ou por saber demais sobre o envolvimento de políticos e serviços secretos.
Lider de máfia italiana deixa o Recife e segue preso para Brasília
Pasquale Scotti é um dos líderes da Nuova Camorra Organizzata (NCO), máfia italiana considerada uma espécie de renovação do grupo napolitano
DIÁRIO DE PERNAMBUCO
Italiano Scotti Pasquale foi preso no Recife. Foto: Divulgação/Polícia Federal |
Scotti foi detido na manhã desta terça-feira, quando levava os dois filhos que teve com uma brasileira à escola. Ele usava o nome de Francisco de Castro Visconti e morava há 28 anos no bairro do Sancho, zona Oeste da cidade, e disse à polícia que a família brasileira não sabia de sua verdadeira identidade. Ele também alegou que fugiu da Europa para o Brasil para não ser morto.
A prisão foi realizada pela Polícia Federal (PF), em ação conjunta com a Interpol.
De acordo com o assessor de comunicação da PF, Giovani Santoro, o estrangeiro importava produtos italianos para o Recife. Scotti também teria sido, há 15 anos, sócio da boate Sampa Night Clube, em Boa Viagem. Ainda segundo o assessor, a prisão foi feita de maneira discreta para não traumatizar as crianças e, agora, o acusado espera na sede da PF a presença da esposa e dos filhos antes de ser encaminhado ao Centro de Observação e Triagem (Cotel), em Abreu e Lima, ou à sede da PF em Brasília, para aguardar extradição.
A comparação das digitais possibilitou à Interpol no Brasil identificar a localização do foragido. A operação foi determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) menos de 24 horas após o pedido formal pela prisão do italiano. Agora, as autoridades italianas darão início ao processo de extradição do acusado para seu país de origem.
O foragido teve sua prisão decretada pela justiça italiana em 1991, após condenação pela prática dos crimes de porte ilegal de armas de fogos, resistência, extorsão e mais de 20 homicídios, crimes cometidos entre 1980 e 1983. De acordo com o inquérito, os integrantes da máfia usavam de armas de fogo, intimidação e ameaça.
Uma entrevista coletiva de imprensa foi concedida no final da manhã pela Polícia Federal em Brasília, no edifício sede da PF, no Distrito Federal. À tarde, o superintendente da PF em Pernambuco, Marcelo Diniz, também falará sobre o caso, no Recife.
Interpol divulgou imagens que mostrariam como seria o rosto do mafioso décadas após fuga. Foto: Reprodução/ Interpol |
Histórico - Pasquale Scotti foi descrito como uma personalidade suave e implacável, de laços estreitos com os serviços secretos. Desde 1985, estava na "maior lista de procurados" do ministério italiano do Interior por homicídio, ocultação de cadáver e outros crimes. Em 17 de janeiro de 1990, um mandado de captura internacional foi emitido contra ele, para ser preso para a extradição.
Em janeiro de 2005, o italiano recebeu uma sentença de prisão perpétua por uma série de 26 assassinatos registrados entre os anos de 1982-1983, durante a guerra entre a Camorra NCO e a Nuova Famiglia. Chegaram a ser feitas especulações de que ele teria sido morto por facções rivais na Camorra, por ter virado testemunha do estado ou por saber demais sobre o envolvimento de políticos e serviços secretos.
Lider de máfia italiana deixa o Recife e segue preso para Brasília
Pasquale Scotti é um dos líderes da Nuova Camorra Organizzata (NCO), máfia italiana considerada uma espécie de renovação do grupo napolitano
Foto: PF/ Divulgação |
Deixou
o Recife por volta das 6h desta quarta-feira, Pasquale Scotti, um dos
líderes da Nuova Camorra Organizzata (NCO), máfia italiana considerada
uma espécie de renovação do grupo napolitano. Ele embarcou no voo
doméstico JJ3457 da TAM. O estrangeiro entrou na aeronave pelo Finger 7
do Aeroporto Internacional dos Guararapes - Gilberto Freyre. A previsão
de chegada ao Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília,
gira em torno das 9h30.
Preso no Recife na manhã de terça-feira, o italiano será encaminhado para a sede da Polícia Federal no Distrito Federal e deve permanecer em um presídio de Brasília até a conclusão do processo de extradição. O governo italiano tem 90 dias para solicitar a extradição de Scotti ao Supremo Tribunal Federal (STF). O mafioso, de 56 anos, foi preso no Recife, em uma ação conjunta entre a Polícia Federal e Interpol. Ele vivia desde 1987 na capital pernambucana, onde se casou e teve dois filhos. Depois de prestar depoimento na sede da PF do Recife, ele chegou a ser encaminhado ao Cotel, em Abreu e Lima.
Com a prisão, a história sangrenta da máfia italiana Camorra, que atravessou mais de um século e é tema de livros e filmes, teve um importante capítulo escrito em Pernambuco. Pasquale Scotti é acusado de 26 homicídios, incluindo o famoso assassinato do banqueiro Roberto Calvi, conhecido como “Banqueiro de Deus” por sua relação estreita com a Santa Sé. Calvi foi morto em Londres, em 1982, num caso que se acreditou tratar de suicídio, em princípio. Pasquale integrava uma lista de dez superprocurados pela Itália, de onde sumiu há 31 anos. Em 1991, teve a prisão decretada pela Justiça italiana por crimes entre 1980 e 1983. Foi condenado à prisão perpétua em 2005.
As investigações iniciais sobre sua localização foram feitas pela Interpol, na Itália, em fevereiro. Integrantes da Camorra teriam passado à polícia informações de que Pasquale estaria na América do Sul. No dia 23, a Interpol remeteu ao Brasil um mandado de prisão da Justiça italiana.
Ele foi encontrado no Sancho, onde morava com a família. O criminoso tentou negar a verdadeira identidade, mas a confirmação foi dada por meio do cruzamento das impressões digitais com dados da Polícia Federal. “Parabéns, vocês me prenderam”, teria dito aos policiais.
Integrante do consiglio (conselho) responsável por determinar as ações da NCO, Pasquale era apelidado de “engenheiro” e “Pasqualino Collier”, por ter presenteado com um colar de 50 milhões de liras (R$ 44 mil) a mulher do chefão da Nuova Camorra, Raffaele Cutolo, seu braço-direito. Pasquale também era um dos homens mais inteligentes da Camorra, responsável por contatos políticos.
A prisão dele repercutiu na imprensa internacional, e foi comemorada pelo ministro italiano do Interior, Angelino Alfano. O italiano estava foragido desde a noite de Natal de 1984, quando saiu de um hospital em Caserta, na Itália. A última aparição no país teria sido em um funeral de um irmão, em que Pasquale foi vestido de padre para despistar a polícia. Começava uma nova vida…
…uma vida de fuga e disfarces. Pasquale Scotti cruzou as fronteiras físicas e também de personalidade ao trocar a vida em Nápoles, na Itália, pela figura de empresário apaixonado pelas belezas tropicais e pai de família, no Recife. O italiano mudou documentos, fez uma plástica e viveu por 28 anos sem levantar suspeitas, há 7 mil km de seu país. O peso do passado só voltou a cair sobre as costas ontem, quando repetia a rotina de comprar o pão e levar os filhos ao colégio.
O mafioso chegou à capital após percorrer outros estados brasileiros. Deixou o nome para trás e conseguiu emitir novos documentos com o nome de Francisco de Castro Visconti, filho de Nicola Visconti e Ana Maria Castro. Ele tinha CPF, título de eleitor emitido em 28 de fevereiro e carteira de habilitação emitida pela primeira vez em maio de 1996, renovada em 2012, em Vitória de Santo Antão, com validade para novembro de 2016.
Como dito ontem à Polícia Federal, para ele “o antigo Pasquale Scotti estava morto”. As investigações da polícia apuraram que ele ainda tinha ligações com a máfia (veja quadro nesta página).
Por quatro meses, em 1999, foi sócio do Sampa Night Club, em Boa Viagem. Atuava também no ramo de fogos de artifício, com a empresa Piroex-Eireli, aberta em setembro de 2009, e com importação de alimentos.
Nem a mulher nem os filhos tinham conhecimento do histórico de crimes do italiano, que afirmou ter gostado do Brasil.
Quatro agentes da Interpol prenderam Pasquale, após ele deixar as crianças na escola, para evitar constrangimento. “Ele comentou que tinha uma vida tranquila aqui, diferentemente da Itália. Um inquérito que vai investigar como ele conseguiu os documentos e o apoio logístico no país é a nossa prioridade”, explicou o superintendente da PF-PE, Marcelo Diniz.
Preso no Recife na manhã de terça-feira, o italiano será encaminhado para a sede da Polícia Federal no Distrito Federal e deve permanecer em um presídio de Brasília até a conclusão do processo de extradição. O governo italiano tem 90 dias para solicitar a extradição de Scotti ao Supremo Tribunal Federal (STF). O mafioso, de 56 anos, foi preso no Recife, em uma ação conjunta entre a Polícia Federal e Interpol. Ele vivia desde 1987 na capital pernambucana, onde se casou e teve dois filhos. Depois de prestar depoimento na sede da PF do Recife, ele chegou a ser encaminhado ao Cotel, em Abreu e Lima.
Foto: Reprodução |
Com a prisão, a história sangrenta da máfia italiana Camorra, que atravessou mais de um século e é tema de livros e filmes, teve um importante capítulo escrito em Pernambuco. Pasquale Scotti é acusado de 26 homicídios, incluindo o famoso assassinato do banqueiro Roberto Calvi, conhecido como “Banqueiro de Deus” por sua relação estreita com a Santa Sé. Calvi foi morto em Londres, em 1982, num caso que se acreditou tratar de suicídio, em princípio. Pasquale integrava uma lista de dez superprocurados pela Itália, de onde sumiu há 31 anos. Em 1991, teve a prisão decretada pela Justiça italiana por crimes entre 1980 e 1983. Foi condenado à prisão perpétua em 2005.
As investigações iniciais sobre sua localização foram feitas pela Interpol, na Itália, em fevereiro. Integrantes da Camorra teriam passado à polícia informações de que Pasquale estaria na América do Sul. No dia 23, a Interpol remeteu ao Brasil um mandado de prisão da Justiça italiana.
Ele foi encontrado no Sancho, onde morava com a família. O criminoso tentou negar a verdadeira identidade, mas a confirmação foi dada por meio do cruzamento das impressões digitais com dados da Polícia Federal. “Parabéns, vocês me prenderam”, teria dito aos policiais.
Integrante do consiglio (conselho) responsável por determinar as ações da NCO, Pasquale era apelidado de “engenheiro” e “Pasqualino Collier”, por ter presenteado com um colar de 50 milhões de liras (R$ 44 mil) a mulher do chefão da Nuova Camorra, Raffaele Cutolo, seu braço-direito. Pasquale também era um dos homens mais inteligentes da Camorra, responsável por contatos políticos.
A prisão dele repercutiu na imprensa internacional, e foi comemorada pelo ministro italiano do Interior, Angelino Alfano. O italiano estava foragido desde a noite de Natal de 1984, quando saiu de um hospital em Caserta, na Itália. A última aparição no país teria sido em um funeral de um irmão, em que Pasquale foi vestido de padre para despistar a polícia. Começava uma nova vida…
…uma vida de fuga e disfarces. Pasquale Scotti cruzou as fronteiras físicas e também de personalidade ao trocar a vida em Nápoles, na Itália, pela figura de empresário apaixonado pelas belezas tropicais e pai de família, no Recife. O italiano mudou documentos, fez uma plástica e viveu por 28 anos sem levantar suspeitas, há 7 mil km de seu país. O peso do passado só voltou a cair sobre as costas ontem, quando repetia a rotina de comprar o pão e levar os filhos ao colégio.
O mafioso chegou à capital após percorrer outros estados brasileiros. Deixou o nome para trás e conseguiu emitir novos documentos com o nome de Francisco de Castro Visconti, filho de Nicola Visconti e Ana Maria Castro. Ele tinha CPF, título de eleitor emitido em 28 de fevereiro e carteira de habilitação emitida pela primeira vez em maio de 1996, renovada em 2012, em Vitória de Santo Antão, com validade para novembro de 2016.
Como dito ontem à Polícia Federal, para ele “o antigo Pasquale Scotti estava morto”. As investigações da polícia apuraram que ele ainda tinha ligações com a máfia (veja quadro nesta página).
Por quatro meses, em 1999, foi sócio do Sampa Night Club, em Boa Viagem. Atuava também no ramo de fogos de artifício, com a empresa Piroex-Eireli, aberta em setembro de 2009, e com importação de alimentos.
Nem a mulher nem os filhos tinham conhecimento do histórico de crimes do italiano, que afirmou ter gostado do Brasil.
Quatro agentes da Interpol prenderam Pasquale, após ele deixar as crianças na escola, para evitar constrangimento. “Ele comentou que tinha uma vida tranquila aqui, diferentemente da Itália. Um inquérito que vai investigar como ele conseguiu os documentos e o apoio logístico no país é a nossa prioridade”, explicou o superintendente da PF-PE, Marcelo Diniz.
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