A matéria teve consenso na Assembleia Legislativa, após longa negociação entre o Governo e os deputados
Policiais criticaram pacto firmado antes de a sessão iniciar, em
que a Assembleia autorizou a entrada de militares mediante acordo de
silêncio
FOTO: FABIANE DE PAULA
Além das oito propostas de emendas que haviam sido incorporadas à mensagem nas comissões, o projeto foi modificado por outras sete, das quais cinco apresentadas ao plenário e duas recuperadas por recurso. Não lograram êxito três propostas que retornaram ao debate em recursos de Heitor Férrer (PDT) e Renato Roseno (PSOL), além de uma emenda proposta ao plenário por Agenor Neto (PMDB).
Antes do início da sessão, deputados da situação e da oposição ainda negociavam o consenso a propostas de emendas na sala da presidência, motivo pelo qual o presidente Zezinho Albuquerque (PROS) suspendeu a sessão para finalizar o acordo antes da votação. Parlamentares se articularam para esvaziar os pronunciamentos de ontem para dar mais tempo ao debate.
Das seis novas propostas de emendas apresentadas em plenário, duas foram apresentadas pelo líder do Governo na Casa, Evandro Leitão, duas por Capitão Wagner, uma por Elmano Freitas e uma por Agenor Neto. As propostas apresentadas pelo líder visavam evitar erro de interpretação de dispositivos da lei através da correção da redação de itens do projeto.
Subscritas
Já as propostas de Capitão Wagner, subscritas por Zezinho Albuquerque, Evandro Leitão e pelo vice-líder do Governo Júlio César (PTN), estabelecem que a passagem de praça para o quadro de oficiais se dê metade por antiguidade e metade por prévia seleção interna, além de que o tempo necessário para a promoção ao posto de capitão seja reduzido de dez para oito anos.
Elmano Freitas conseguiu a aprovação de proposta que zera o número de militares que já recusaram participar de curso para promoção três vezes, o que passa a ser contabilizado novamente a partir da sanção da nova lei. Pela regulamentação da categoria, o militar que recusar participar do curso três vezes é impedido de ter acesso à promoção pelo resto da vida.
Das emendas reapresentadas pelos parlamentares, só Capitão Wagner alcançou consenso com o Governo, tendo duas aprovadas. Em uma delas, foi reduzido de três para um ano o tempo para que o subtenente seja promovido a 2º tenente e, na outra, foi garantido que vagas remanescentes de promoção requerida possam ser solicitadas por tenentes-coronéis e capitães.
Já Heitor Férrer destacou que a Lei das Promoções garante aos cargos de comandante geral da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros incorporação de gratificação de R$ 16.759 na aposentadoria, avaliando como "uma imoralidade". Com a emenda rejeitada por 20 a 15 votos, anunciou que entrará com Ação Direta de Inconstitucionalidade contra o dispositivo. Evandro Leitão ponderou que, para ter o benefício, o comandante deve permanecer ao menos dois anos na função.
Em matéria semelhante, Renato Roseno não conseguiu a aprovação do plenário. Segundo o entendimento do socialista, a criação do cargo de comandante geral é ilegal, afrontando legislações federal e estadual. "A mensagem do governo está transformando a função de comandante geral em cargo. Se a Justiça fizer o óbvio, que é decretar a ilegalidade, deverá ter a devolução da gratificação respectiva", alertou. A proposta recebeu 14 votos a favor e 21 contra.
Votação histórica
Parlamentares da oposição e da situação classificaram a votação de ontem como histórica para a Polícia Militar, para o Corpo de Bombeiros e para a própria Assembleia Legislativa. Destacando que novos benefícios estão a caminho, como a equiparação do salário do militar à média da categoria no Nordeste, os deputados ressaltaram que o efeito esperado é o incremento para a segurança do Estado.
Audic Mota salientou que debate realizado na Casa com toda a categoria, parlamentares da oposição e da base, permitiu alterações significativas ao projeto enviado pelo Governo. Ele parabenizou o líder Evandro Leitão pela abertura ao diálogo e pelo empenho. "Essas emendas só viraram consenso em função do debate que foi feito nas comissões". Evandro Leitão retribuiu o elogio aos opositores, destacando o papel desempenhado por Capitão Wagner nas discussões.
Também foi aprovada ontem, após polêmica, mensagem do governo que autoriza abertura de crédito especial de R$ 7,7 milhões para a Secretaria Especial de Políticas sobre Drogas e para a Secretaria de Relações Institucionais. Opositores criticaram o fato de parte dos recursos ter origem da anulação orçamentária da Escola de Saúde Pública e do Fundo Estadual de Saúde em momento de crise na saúde.
DN
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