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segunda-feira, 29 de março de 2021

Golpes cometidos por organização criminosa do interior do Ceará fizeram mais de mil vítimas pelo Brasil


A organização criminosa desarticulada pela Polícia Civil do Ceará (PCCE) em Itapipoca, na Operação Fragmentado, na última terça-feira (23), fez mais de mil vítimas pelo Brasil, a partir de fraudes bancárias. 
 
O dinheiro obtido nos golpes era utilizado para comprar imóveis e, principalmente, veículos luxuosos, uma prática conhecida como lavagem de dinheiro. A investigação identificou a movimentação de ao menos R$ 35 milhões, no esquema criminoso.

O nome da Operação faz uma alusão ao filme homônimo, em que um homem apresenta múltiplas personalidades. O titular da Delegacia de Combate aos Crimes de Lavagem de Dinheiro (DCCLD), delegado Ismael Araújo, explica que o golpe se dava pela "abertura fraudulenta de contas bancárias e a utilização de créditos oriundos dessas contas. 
 
A partir da captação de lucros, os criminosos convertiam esses lucros em patrimônio, de modo a dar uma aparência lícita a esse patrimônio. Invariavelmente, registrando esse patrimônio no nome de pessoas interpostas, o que a gente conhece popularmente por 'laranja'".

Pelo menos 18 pessoas de Itapipoca cometiam esses golpes, com o mesmo 'modus operandi', mas não havia uma liderança máxima entre elas, segundo o delegado. Destas, 12 foram alvos de mandados de prisão domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica e quatro, de prisão preventiva. Dentre os alvos, seis acabaram presos em flagrante, na posse de armas de fogo ou documentos falsos.

A organização criminosa agia há cerca de dez anos e, de acordo com o delegado Ismael Araújo, fez mais de mil vítimas pelo País. "São dois tipos de vítimas. Primeiro, as pessoas cujos dados qualificativos foram utilizados para aberturas de contas fraudulentas. E também as instituições, que tiveram prejuízos financeiros importantes, até agora da ordem de R$ 35 milhões. A tendência é que esse valor aumente substancialmente", afirma, apontando para desdobramentos da investigação.

Pelo menos oito instituições financeiras - inclusive bancos digitais - foram vítimas dos golpes. As pessoas que tiveram os dados utilizados são principalmente de fora do Ceará. 
 
Araújo afirma que vazamentos de dados, como o mega vazamento que expôs informações de 223 milhões de brasileiros - descoberto em janeiro deste ano - beneficiam essas quadrilhas. "Isso mostra a importância da preservação de dados das pessoas. Essa quadrilha se vale desses dados vazados e começa a abrir contas em nomes de terceiros. Isso é seríssimo".

Dedicação ao 'trabalho'
 
O titular da DCCLD conta que os integrantes da organização criminosa investiam o dinheiro obtido nas fraudes principalmente na compra de veículos luxuosos e eram conhecidos no Município de Itapipoca, devido aos automóveis. 
 
Os criminosos não se importavam muito em viajar, porque queriam estar sempre 'trabalhando' - ou seja, cometendo golpes. Em um dia, conseguiam cerca de R$ 4 mil, R$ 5 mil.


Diário do Nordeste

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