Muitos estão familiarizados com o conto bíblico da arca de Noé, em que, resumidamente, um homem constrói uma embarcação gigante e coloca nela uma fêmea e um macho de cada espécie que existe no mundo para salvá-los de morrer em um dilúvio.
Agora, a ideia apresentada pelo professor de Engenharia Aeroespacial e Mecânica Jekan Thanga para a Conferência Aeroespacial do Instituto de Engenheiros Aeroespaciais Eletrônicos e Elétricos (IEEE) deste ano, que ocorreu no início de março, tem semelhanças inegáveis com o mito cristão.
Com a exceção, é claro, que nesse caso a arca ficaria na Lua, e em vez de mandar uma fêmea e um macho, seriam 50 amostras de esperma e óvulos de cada uma das 6,7 milhões espécies que conhecemos.
O projeto ambicioso, que foi repercutido pelo Science Alert, teria como objetivo garantir uma possível segunda chance para as espécies que habitam a Terra no caso de um desastre de grande escala desolar nosso planeta, como a erupção de um supervulcão, uma guerra nuclear ou uma tempestade solar global, só para dar alguns exemplos.
"Há uma forte interconexão entre nós e a natureza. Temos a responsabilidade de ser os guardiões da biodiversidade e dos meios para preservá-la”, afirmou Thanga, conforme repercutido pelo Live Science.
Como funcionaria
Essa arca lunar seria inserida nos 'poços' que foram descobertos recentemente no satélite. Essas cavidades, que os cientistas acreditam terem sido formadas através da passagem da lava bilhões de anos atrás, são muito mais seguras que a superfície da Lua, que está constantemente sendo fustigada por colisões com meteoritos e por radiação.
"Eu gosto de explicar esse projeto usando a analogia de dados: Seria como copiar suas fotos e documentos de seu computador para um disco rígido separado, para que você tenha um backup se algo der errado”, comentou o professor Jekan, segundo o Science Alert.
Para enviar milhões de amostras de células reprodutivas para esse backup espacial da fauna terrestre também seriam necessários 250 lançamentos de foguete. De acordo com dados repercutidos pelo UOL, a Estação Espacial Internacional necessitou de apenas 40 lançamentos para ser construída.
"Custará centenas de bilhões de dólares construir a arca e transportar as amostras", admitiu Thanga durante a conferência de março, ainda segundo o Science Alert, embora completando que: "Mas isso não está totalmente fora de questão para colaborações internacionais como a ONU".
O engenheiro estima que teremos condições de colocar esse plano em prática daqui a 30 anos (porque ainda não temos disponível toda a tecnologia requerida para este projeto), porém isso poderia ser feito antes no caso de “uma crise existencial iminente”, situação no qual esse prazo poderia ser reduzido a 10 ou 15 anos.
Vale dizer que existe uma iniciativa semelhante à da arca lunar sendo colocada em prática atualmente: é o Silo Global de Sementes de Svalbard, que consiste em um forte de pedra localizado no Polo Norte onde cientistas noruegueses guardam milhares de sementes. Esse projeto não é tão imune a desastres de grande escala quanto um cuja sede é na Lua, todavia.
Meio Norte
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