Alexandre Gomes da Silva, de 20 anos, também conhecido como Gabriel,
mora em Monsenhor Tabosa, interior do Ceará; este mês está concluindo o
terceiro ano do ensino médio na Escola Governador Adauto Bezerra.
Alexandre conta que nunca frequentou aulas de criação de projetos, nem
planejava se envolver em algo do tipo, mas ao conhecer Francisco Kaique
do Nascimento da Silva, de 15 anos, que nasceu com uma má formação na
perna direita, resolveu ajudá-lo construindo de forma manual uma prótese
para o adolescente.
“Tudo começou quando observei por algumas vezes o Kaic de muletas na escola”.
Kaic e Alexandre se conheceram na mesma instituição de ensino: Alexandre
como aluno da rede estadual e Kaic como aluno de turma anexa da rede
municipal.
Alexandre conta que o modelo foi inspirado em uma prótese antiga que
Kaic havia ganhado do governo do estado, mas há quatro anos não a usa
mais, pois ficou incompatível com o tamanho de Kaic.
Para desenvolver a prótese ele usou materiais simples como: pvc, eva,
uma pequena barra de ferro, barbante, cola branca, impermeabilizante
(verniz), solda, parafuso e uma presilha a base de couro.
Alexandre conta que a princípio Kaic e sua família que também são
moradores de Monsenhor Tabosa (CE), desconfiaram da proposta de
construção da prótese, mas acabaram autorizando “de fato eu não tinha
experiência com isso, demorou em média 15 dias para concluir o trabalho,
mas quando retornei com a peça pronta, todos ficaram extremamente
felizes”.
“A prótese é leve e resistente, é impermeável, pode ser molhada sem problemas; também tive o cuidado com a estética e acabamento, para que ficasse confortável e não aparentasse ser grotesca”.
Mesmo não sendo profissional, a prótese construída por Alexandre, a
partir de materiais simples, demonstra criatividade e força de vontade; e
o mais importante, está sendo bem aceita por Kaic, que já deixou de
lado as muletas e está podendo ter mais mobilidade e melhor qualidade de
vida.
Prótese animal
Ao tomar conhecimento sobre o caso de uma égua que infelizmente teve uma
das patas amputada após uma queda, Alexandre logo se propôs construir
uma prótese para o animal. A égua que tem pouco mais de um ano de idade,
já recebeu a prótese construída com o mesmo tipo de material usado para
a prótese do jovem de 15 anos.
Alexandre conta que visita o animal quase todos os dias em uma fazenda
próxima, “o bicho está em fase de adaptação e demostra gratidão pelos
cuidados recebidos”.
Motivado, o jovem não esconde que esse trabalho despertou seu interesse
em estudar próteses. “Quero levar esse projeto à frente, desenvolver meu
próprio método, estou com novas ideias; meu objetivo é trabalhar com um
tipo de material que ofereça qualidade, mas ao mesmo tempo seja
acessível às pessoas, especialmente as mais necessitadas, pois a maior
recompensa de tudo isso é poder ajudar alguém e ver o sorriso em seu
rosto”! afirma.
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