| SEGURANÇA | Lei ainda será regulamentada. Texto é criticado por representantes de bancos e de vigilantes
O governador Camilo Santana (PT) sancionou lei que obriga os bancos a manter vigilantes 24 horas nas agências, inclusive em fins de semana e feriados. Publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) de segunda-feira, 10, três dias depois da tentativa de assalto que deixou 14 mortos em Milagres, a decisão é criticada por representante dos bancos e sindicato dos vigilantes. A regulamentação deve ser feita em até 90 dias.A proposta, da deputada estadual Aderlânia Noronha (SD) com coautoria de Joaquim Noronha (PRP), havia sido aprovada no plenário da Assembleia Legislativa em 15 de novembro.
O texto da lei número 16.692/2018 determina que as agências devem construir cabines blindadas, de dois metros de altura, em que os vigilantes possam proteger-se dentro do banco. Ainda prevê que as unidades contem com "botão do pânico" e telefone para acionamento da Polícia, além de dispositivo que "acione sirene de alto volume". Em caso de descumprimento, o banco pode ser advertido ou multado e interditado, em caso de reincidências.
Em nota, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) afirma que a permanência de vigilantes não melhora a segurança e "potencializa riscos". "O vigilante passa a ser alvo fácil de assaltantes para roubar seu colete balístico e arma para a prática de outros crimes".
A Febraban também cita que as agências precisam, por lei federal, ter plano de segurança aprovado pela Polícia Federal. Ainda é ressaltado que o setor investe R$ 9 bilhões anuais em segurança ? o triplo do que era investido há dez anos. E que 2017 registrou o menor número (217) de assaltos e tentativas no Brasil, conforme pesquisa com instituições que respondem por mais de 90% do mercado.
Já o presidente do Sindicato dos Vigilantes do Estado, Daniel Borges, se mostra cético quanto à implantação dessa medida. Ele cita lei sancionada em 2016, mas não cumprida, que obriga agências que possuem caixas eletrônicos a manter vigilância armada das 6 até as 22 horas. Em maio de 2017, o Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Decon), do Ministério Público do Estado (MPCE), chegou a emitir recomendação para que a situação fosse regularizada. "É só uma maneira de tentar dar uma satisfação para a sociedade".
Para ele, investimentos em investigação policial e medidas como blindagem de portas giratórias e vidraças podem ser mais efetivas. "Só a segurança nas agências bancárias não vai resolver o problema. Hoje, o crime organizado chega com armamento pesado, que nem a Polícia tem".
O Povo
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