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quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Ministério Público aponta erros em operação policial

O procurador-geral de Justiça anunciou que um grupo composto por 10 promotores de Justiça foi designado para acompanhar a investigação sobre o caso ocorrido no Interior 

 

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O tempo percorre e as dúvidas permanecem. Quem se responsabiliza pelas 14 mortes ocorridas na 'Tragédia de Milagres', sendo seis delas reféns? Em busca de respostas, os órgãos públicos se mobilizam para aprofundar a investigação do caso e procurar dizer à sociedade o que aconteceu na madrugada da última sexta-feira (7), no Município do Interior do Ceará, a 500Km da capital do Estado.

Ontem, o governador do Ceará, Camilo Santana, informou que 12 policiais envolvidos na ocorrência foram afastados dos serviços até que a apuração do grupo especial, formado para investigar a ação, seja concluída. Em paralelo ao afastamento, o Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) entrou formalmente no caso para acompanhar a investigação.

O procurador-geral de Justiça, Plácido Barroso Rios, anunciou ter designado 10 promotores para oficiarem em conjunto ou separadamente, com o promotor de Justiça em atuação na Promotoria de Justiça da Comarca de Milagres, futura ação penal referente à tragédia. Eles devem atuar junto à Polícia Civil do Estado do Ceará para esclarecer os fatos.

Em coletiva de imprensa, Plácido Rios levantou uma série de questionamentos sobre o passo a passo da operação. "Queremos saber o porquê não se criou rigor protocolar. Por que a PRF e a Polícia Federal não foram acionadas? Se a Polícia já sabia os alvos, porque não providenciaram iluminação no local? Quem estava no comando da operação".

A sequência de perguntas do procurador revela série de detalhes não cumpridos. Para Rios, mesmo sem respostas exatas, algumas conclusões já podem ser tiradas. A primeira é que é preciso cumprir protocolos, prevendo que em situações como a de Milagres, tenha reféns.

"Não sabemos se naquele momento existia um comando rígido da tropa ao qual os policiais deviam se reportar e dizendo como fazer e quando fazer. Não sabemos ao certo se os policiais estavam sob o próprio comando. Quem começou a atirar e porque começou a atirar. São questões que precisamos ver não apenas para dar respostas aos familiares das vítimas, mas para sociedade como um todo e para evitar acontecimentos semelhantes com o mesmo fim", destacou o procurador-geral.

Cautela

Na última semana, horas após as mortes serem noticiadas, o titular da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), André Costa, destacou precisar de cautela antes de culpar qualquer envolvido. 

Ontem, Plácido Rios também ponderou que não se pode criminalizar a atividade dos policiais, e disse entender a difícil situação pela qual viveram. No entanto, o chefe do Ministério Público Estadual, não deixou de expressar sua opinião com relação ao resultado da diligência.

"Nós entendemos a difícil situação pela qual passavam os policiais. Era uma operação de risco, sensível. A operação foi um fracasso sob todos os aspectos. Não se pode, em nome de resguardar um patrimônio, ter vítimas. Evidente que os policiais não vislumbravam este resultado. Claro que a Polícia pode ter tido excessos, mas o primeiro ato que desencadeou tudo isso foi, sem dúvidas, dos criminosos", afirmou o procurador.

Outro ponto abordado foi recolhimento de provas suficientes para apontar os responsáveis por cada disparo que matou oito criminosos e seis reféns. Testemunhas já começaram a ser ouvidas. O intuito é preservar as identidades para que não sejam inibidas de falar o que aconteceu no dia do crime. Há ainda busca por imagens de câmeras nos locais onde a quadrilha passou. A Polícia já teria recolhido algumas imagens.

A presidente em exercício da Comissão de Segurança Pública da OAB-CE, Débora Lima, também se posicionou sobre a necessidade de acompanhar as investigações.

DN

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