Uma pesquisa encomendada
pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostrou o clima de ceticismo do eleitor
em relação ao processo político. O levantamento, feito pela empresa Checon,
teve 1.964 entrevistas feitas em dezembro e teve caráter tanto qualitativo
quanto quantitativo. De acordo com a sondagem, disponível desde ontem na página
do TSE na internet, 76% dos pesquisados se disseram contra o voto obrigatório e
55% se mostraram favoráveis às candidaturas avulsas, sem filiação partidária, o
que evidencia a descrença na representatividade dos partidos.
O levantamento mostra
também que é expressiva a desconfiança do eleitor em relação à segurança das
urnas eletrônicas. Dos pesquisados, 38% avaliaram a confiabilidade do sistema
com notas de zero a 4. Outros 27% afirmaram que a confiabilidade oscila entre 5
e 7. E apenas 35% afirmaram que a confiabilidade das urnas está acima de 8.
A pesquisa encomendada
pelo TSE registrou indícios de que a compra de votos ainda é expressiva. Dos
pesquisados, 28% afirmaram ter testemunhado ou tido notícias de compra de
votos, enquanto outros 8% preferiram não responder a pergunta. Esta foi parte
específica da pesquisa que teve o resultado antecipado pelo jornal "Folha
de S. Paulo". A pesquisa busca segmentar o resultado para todos os Estados
pesquisados. Na Paraíba, o percentual foi de 39%, com 101 entrevistas locais.
No Rio de Janeiro, com 105 entrevistas, ficou em 23%. O caso extremo foi
Roraima, com 71%, mas com amostragem extremamente reduzida, de apenas dezessete
entrevistas.
Ao responderem a um
questionário sobre qual "o recado" que gostariam de mandar para o
TSE, 14% apontou o fim do voto obrigatório, 7% pediram mais controle sobre a
segurança da urna e 5% reivindicaram transparência na apuração e aplicação da
Lei da Ficha Limpa.
A eleição presidencial no
ano passado, a mais acirrada desde o retorno da redemocratização, teve pela
primeira vez um pedido de auditoria na contagem de votos por parte da
candidatura perdedora no segundo turno. O PSDB, tendo por base notícias
esparsas em redes sociais, levantou dúvidas sobre a totalização dos votos, que
deram a vitória para a presidente Dilma Rousseff por três pontos percentuais de
diferença. O TSE autorizou o partido a ter acesso às urnas do segundo turno.
No dia da diplomação da
presidente como reeleita, representantes do PSDB pediram formalmente a cassação
do registro de candidatura de Dilma, alegando irregularidades durante a
campanha e solicitaram que o perdedor fosse proclamado presidente eleito. O
presidente do TSE, José Antonio Dias Toffoli, em um pronunciamento contundente
horas mais tarde, afirmou que não iria permitir "um terceiro turno".
"As eleições de 2014, para o Poder Judiciário, são uma página virada. Não
haverá terceiro turno na Justiça Eleitoral. Que os especuladores se
calem", disse na ocasião Dias Toffoli.
A finalidade principal da
pesquisa era medir o grau de "recall" das campanhas publicitárias
feitas pelo TSE para estimular o eleitorado a comparecer às urnas. O grau de
lembrança das peças publicitárias foi alto, acima de 70%.
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