O presidente da Casa, Eduardo Cunha, anunciou
que vai processar o ex-ministro da Educação por declarações feitas
nesta quarta-feira no Plenário.
Gustavo Lima / Câmara dos Deputados
Cid Gomes se recusou a citar nomes de deputados que
seriam "achacadores": “Não sou o Ministério Público, é ele que tem o
dever de procurar e investigar pessoas que agem fora da lei. Não é o meu
papel”.
Após pedir para deputados “oportunistas” da base do governo “largarem
o osso” e atacar o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, em comissão geral, Cid Gomes pediu demissão do Ministério da Educação nesta quarta-feira (18). A presidente Dilma Rousseff aceitou o pedido.
O então ministro foi convocado pelos deputados para esclarecer
declaração dada por ele na Universidade Federal do Pará no mês passado
de que haveria "uns 400 deputados, 300 deputados que quanto pior [o
governo], melhor”. Segundo Gomes, tais “achacadores” se aproveitariam da
fragilidade do governo para benefício próprio.
Durante sua fala no Plenário da Câmara hoje, o agora ex-ministro
afirmou que os parlamentares da base aliada que não votam de acordo com a
orientação do Planalto devem “largar o osso” e ir para a oposição.
“Partidos de oposição têm o dever de fazer oposição. Partidos de
situação têm o dever de ser situação ou então larguem o osso, saiam do
governo”, declarou.
Gomes ressaltou que o governo “teoricamente” deveria ter maioria na
Câmara pela quantidade de deputados que compõem as bancadas da base
aliada e têm suas legendas no comando de ministérios.
Processos
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, informou que vai processar o ex-ministro por declarações feitas durante a sua convocação. Em determinado momento da comissão geral, Gomes apontou para o presidente e disse: “Prefiro ser acusado por ele de mal-educado do que ser como ele, acusado de achaque, que é o que diz a manchete da Folha de S.Paulo”.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, informou que vai processar o ex-ministro por declarações feitas durante a sua convocação. Em determinado momento da comissão geral, Gomes apontou para o presidente e disse: “Prefiro ser acusado por ele de mal-educado do que ser como ele, acusado de achaque, que é o que diz a manchete da Folha de S.Paulo”.
Cunha anunciou a disposição de entrar com uma ação individual contra o
ex-ministro. “Não vou admitir que um representante do Executivo agrida
parlamentares e reafirme agressões, inclusive chegando ao ponto de
querer dominar [a sessão]”, comentou.
O procurador da Câmara, deputado Claudio Cajado (DEM-BA), por sua
vez, prometeu entrar com um processo extrajudicial e dois judiciais
contra Gomes por prevaricação e ato de improbidade administrativa.
Cajado quer que o ex-ministro reconheça a autoria da fala em que se
refere a deputados como “300 ou 400 achacadores”, indique quem seriam
tais parlamentares e quais os malfeitos imputados a eles.
Cajado minimizou a defesa de Gomes, que disse hoje que as declarações
sobre "achacadores" refletem a sua opinião pessoal, não sua posição
como autoridade. “O senhor foi ao Pará como ministro, participar de um
ato oficial, usando avião da FAB [Força Aérea Brasileira]. Não pode se
furtar de ter dito [o comentário contra o Congresso] investido na função
de ministro”, criticou Cajado.
Saída
Vários parlamentares criticaram as declarações de Gomes e cobraram sua saída do ministério. O líder do PMDB, deputado Leonardo Picciani (RJ), foi um deles: “O ministro desrespeitou o Parlamento de forma pueril, porque aponta o dedo, faz acusações e não dá nomes”.
Vários parlamentares criticaram as declarações de Gomes e cobraram sua saída do ministério. O líder do PMDB, deputado Leonardo Picciani (RJ), foi um deles: “O ministro desrespeitou o Parlamento de forma pueril, porque aponta o dedo, faz acusações e não dá nomes”.
“Só há duas opções: ou o ministro se demite do cargo, ou a presidente
Dilma o demite. Ou, então, os 400 deputados da base assumem que são
achacadores e, aí, o ministro fica no cargo”, comentou o líder do DEM,
deputado Mendonça Filho (PE), autor do requerimento para convocar Gomes.
O líder da Minoria,
deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), cobrou uma posição de Dilma Rousseff
sobre a base aliada após as críticas do ex-ministro aos “oportunistas”.
“Com a palavra, a partir de agora, a presidente da República sobre o que
pensa da sua relação com a base e com o Parlamento brasileiro”,
declarou.
A sessão foi encerrada após Cid Gomes ter se retirado do Plenário.
Ele tomou essa decisão depois de ser chamado de “palhaço” pelo deputado
Sergio Zveiter (PSD-RJ) e ter o microfone cortado por Eduardo Cunha.
Reportagem – Tiago Miranda e Carol Siqueira
Edição – Marcelo Oliveira
Edição – Marcelo Oliveira
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