Assessores do presidente interino, Michel Temer, relatam um clima de
apreensão no governo depois de receberem a informação de que o
Ministério Público pode ter mais gravações feitas pelo ex-presidente da
Transpetro Sérgio Machado reforçando suspeitas de que a cúpula do PMDB
estaria atuando para tentar brecar a Operação Lava Jato.
Como "vacina", auxiliares de Temer defendem que ele se blinde de
potenciais dores de cabeça e afaste em até 30 dias ministros citados na
Operação Lava Jato ou que respondam a acusações judiciais, como Henrique
Eduardo Alves (Turismo) e Maurício Quintella (Transportes).
Alves é alvo de dois pedidos de inquérito, ainda sem aval da Justiça,
por suposto envolvimento no esquema de desvios ligados à Petrobras.
Quintella (PR) é suspeito de participação em desvios de verba destinados
ao pagamento de merenda escolar em Alagoas. Ambos negam as acusações.
Segundo informações obtidas pela equipe de Temer, as gravações
divulgadas até agora pela Folha seriam apenas parte do material entregue
por Machado à Procuradoria-Geral da República, com quem ele fechou uma
delação premiada, homologada pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Nas palavras de um assessor presidencial, o que preocupa o governo
interino é o "fator do imponderável" sobre novas denúncias e a
possibilidade de novos áudios causarem debandadas na base aliada às
vésperas de votações de medidas econômicas no Congresso.
Na segunda-feira (23), no mesmo dia da divulgação de gravação do
ex-ministro Romero Jucá (Planejamento) com Machado em que ele sugere um
pacto para barrar a Lava Jato, o PV anunciou posição de independência no
Congresso. O receio é que partidos como PSDB e DEM repitam o gesto caso
as denúncias se aproximem do presidente interino.
Para um aliado do presidente interino, alguns auxiliares terão de se
sacrificar para evitar que se tornem "tetos de vidro" de uma
administração que tem um prazo curto para provar que pode continuar à
frente do país, já que o processo de impeachment de Dilma Rousseff deve
ser finalizado até setembro.
Além da gravação entre Jucá e José Machado, a Folha revelou gravações
do ex-presidente da Transpetro com o presidente do Senado, Renan
Calheiros(PMDB-AL), e o ex-presidente Sarney.
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