Instalado pessoalmente pela presidente
Dilma Rousseff na coordenação da campanha à reeleição, o petista Miguel
Rossetto tinha o nome e o telefone celular anotados numa agenda apreendida pela Polícia Federal que pertencia ao ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que
aceitou uma delação premiada para narrar como funcionava e quais
políticos e partidos se beneficiaram do esquema de desvios de recursos
da estatal. Os primeiros nomes foram revelados na edição desta semana de ‘Veja’.
Hoje ministro do Desenvolvimento
Agrário, cargo do qual estará afastado nos próximos trinta dias – ele
tirou férias para atuar na campanha, Rossetto sentava à mesa com Paulo
Roberto nas reuniões de diretoria da Petrobras quando ocupava o posto de
presidente da Petrobras Biocombustível (PetBio). Segundo o jornal
‘Folha de S.Paulo’, as anotações se referem aos anos de 2012 e 2013.
Questionado, Rossetto disse que mantinha apenas “relação de trabalho” com o operador do “petrolão”.
Na gestão de Rossetto, a subsidiária de
biocombustíveis pagou, em 2009, 55 milhões de reais pela compra de
metade da unidade da BSBios na cidade de Marialva, no Paraná, num
negócio investigado pelo Tribunal de Contas
da União (TCU) pela supervalorização de 297,3%. Dois meses antes, a
BSBios havia comprado 100% desta mesma unidade por 37 milhões de reais.
Dois anos depois, em 2011, também sob o comando de Rossetto, uma nova
operação controversa: a Biocombistível desembolsou 200 milhões de reais
por metade da refinaria de biocombustível de Passo Fundo (RS). O
Tribunal de Contas da União investiga se houve sobrepreço nas duas
compras – nas palavras dos próprios ministros da corte, podem ser
consideradas ‘mini-Pasadenas’.
Em 2009, poucos meses após ter assumido a
presidência da Petrobras Biocombustível, foram reveladas suspeitas de
uso político de convênios do programa de biocombustível da empresa
para favorecer cooperativas agrícolas ligadas ao Movimento dos
Sem-Terra (MST) e à Confederação Nacional dos Trabalhadores na
Agricultura (Contag).
Ex-vice-governador do Rio Grande do Sul
na gestão Olívio Dutra (PT), Miguel Rossetto também enfrentou denúncias
de que a antiga sede do PT gaúcho foi financiada com dinheiro de caixa
2. A suspeita veio à tona em 2001, durante o governo Dutra, e foi
investigada na CPI da Segurança Pública, na Assembleia Legislativa do
Estado. Sete anos depois, o caso voltou novamente à tona – desta vez a
revelação de caixa dois na sede do PT foi feita mensaleiro José Dirceu,
condenado por comandar o mensalão.
Questionada nesta segunda-feira sobre
se a chegada de Rossetto representava mudanças na campanha depois das
revelações feitas por ‘Veja’, Dilma afirmou: “Ele é uma pessoa de
altíssima qualidade. É muito próximo a mim”.
Fonte: Veja
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