Imagem: Ueslei Marcelino/Reuters/Veja |
SÃO PAULO - Em
mais uma carta polêmica aos seus clientes, a casa de research Empiricus
volta a atacar o atual governo. Desta vez, o sócio-fundador Felipe
Miranda diz que as afirmações que o governo Dilma vêm proferindo sobre
questões econômicas e financeiras não estão tão corretas quanto se
imagina. No final de julho, a Justiça retirou do ar após pedido do PT
todas as peças publicitárias da empresa, que, segundo o partido, faziam
"terrorismo econômico".
Na mais recente carta, Miranda aponta as dez "mentiras" que, segundo
eles, o governo vem contando à população brasileira. Confira abaixo
todos os pontos abordados pela Empiricus:
1) "A crise vem de fora"
Como primeira "mentira", Miranda cita o discurso oficial do governo de
que a crise vem de fora, como justificativa da recessão técnica em curso
no Brasil. O que ele diz? "Olhando para dados da América Latina, o
crescimento econômico do governo Dilma será, na média, dois pontos
percentuais menor àquele apresentado por nossos vizinhos, enquanto nos
governos Lula e FHC avançamos na mesma velocidade".
Em relação aos países latinos que adotaram políticas econômicas
ortodoxas e perseguiram uma agenda de reformas, o quadro é ainda pior:
Chile, Colômbia e Peru cresceram 4,1%, 4% e 5,6% ao ano, entre 2008 e
2013. Enquanto isso, a evolução média do PIB brasileiro na administração
de Dilma deve ser de 1,7% ao ano.
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2) "A política neoliberal vai aumentar o desemprego"
O segundo ponto é que com o PIB desacelerando por conta da política
heterodoxa do governo, cedo ou tarde isso baterá no emprego. "Podemos
não conseguir precisar qual a exata função de produção, ou seja, de como
o PIB se relaciona com o nível de emprego, mas não há como contestar a
existência de relação entre as variáveis", disse.
Segundo Miranda, o crescimento econômico da era Dilma é o menor desde
Floriano Peixoto, governo terminado em 1894, subsequente à crise do
encilhamento. "Há uma transmissão óbvia desse comportamento para o
emprego", disse.
3) "A oposição quer acabar com o reajuste do salário mínimo"
Para ele, essa é mais uma "mentira escabrosa": primeiro porque os dois
candidatos da oposição já se comprometeram em manter a política de
reajuste de salário mínimo; segundo, pois quando Dilma se coloca como
protetora do salário mínimo está simplesmente "contrariando as
estatísticas". Isto porque o aumento do salário mínimo foi de 4,7% ao
ano entre 1994 e 2002; de 5,5% ao ano entre 2003 e 2010; e de 3,5% ao
ano entre 2011 e 2013.
Ou seja, ele comenta que o reajuste do salário mínimo na era Dilma é
menor àquele implementado por Lula e também ao observado no período
FHC.
4) "A política neoliberal proposta pela oposição vai prometer arrocho salarial"
Esse ponto guarda relação com o item anterior, disse. Segundo Miranda, o
arrocho salarial já vem sendo promovido pela atual política econômica,
por meio da disparidade da inflação.
"O que os 'neoliberais' querem é perseguir aumentos de produtividade
maiores e duradouros. Isso permitiria dar incrementos de salário
substanciais, sem impactar a inflação. Caso contrário, aumentos do
salário nominal serão corroídos pela inflação", comenta.
5) "Programa de Marina reduz a pó a política industrial"
Na carta, Miranda diz que Dilma não precisa dessa preocupação, pois ela
mesma já teria feito esse serviço, citando que o Plano Brasil Maior,
lançado em 2010 com metas para 2014, não conseguiu entregar sequer um de
seus vários objetivos.
Ele ataca dizendo que seria pertinente a candidata à reeleição
preocupar-se com a própria política industrial antes de amedrontar-se
com o programa alheio. "Quem defende uma política de campeões nacionais,
em que se escolhem a priori os vencedores da prática concorrencial
desafiando a lógica de mercado, não entende absolutamente nada de
empreendedorismo e política industrial", critica.
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6) "A política monetária foi exitosa"
Ele questiona como a política monetária foi exitosa sendo que a inflação
brasileira tem sistematicamente namorado o teto da meta, de 6,5% em 12
meses, ignorando o princípio básico de um sistema de metas, em que o
centro do intervalo deve ser perseguido.
"Transformamos o teto no nosso objetivo e represamos cerca de dois
pontos de inflação através do controle de preços de combustíveis,
energia e câmbio. Esse é o tipo de êxito que esperamos da política
econômica?", questiona.
7) "Precisamos de um pouco mais de inflação para não perder empregos"
Ele comenta que a frase em questão não foi dita ipsis verbis por nenhum
membro do governo, mas a julgar pelas decisões e diretrizes da política
monetária, parece permanecer o racional da administração petista.
8) "As contas públicas estão absolutamente organizadas. O superávit
primário, embora menor do que em 2008, é um dos maiores do mundo. Dizer
que há uma desorganização fiscal é um absurdo"
A frase foi dita pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, em entrevista
ao Valor. Miranda comenta, no entanto, que o superávit primário do setor
público não é somente menor àquele de 2008. No primeiro semestre, foi o
menor da história, em R$ 29,4 bilhões.
9) "Nunca foi feito tanto pelo pobre no País"
Miranda aponta que isso já poderia ser desconfiado pela inflação, que é
"um fenômeno essencialmente ruim para as classes mais baixas". "A
política econômica heterodoxa não cresce o bolo e também não distribui
de forma mais equitativa", critica.
Veja também:
10) "A oposição faz terrorismo eleitoral"
"Se você compactua com os nove pontos anteriores, você é um terrorista
eleitoral, egoísta e interessado apenas em si mesmo. Provavelmente, é
financiado por um dos candidatos da oposição", comentou.
Enquanto isso, aponta, a situação acusa a candidata da oposição de
homofóbica e de semelhanças com Fernando Collor, mas, sim, ele é da
mesma parte da base de apoio.. da situação, aponta Miranda.
Paula Barra
Infomoney
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