Cenário da Somar aponta El Niño mais fraco e vê melhora no nível de reservatórios
Reuters
Somar: chuvas pouco mais volumosas que a média devem
beneficiar agricultura e melhorar nível de reservatórios / Foto: Benoit
Daoust/Dreamstime
As chuvas apenas um pouco mais volumosas do que a média no verão ocorrerão com influência de um fenômeno El Niño mais fraco, mas ainda assim serão benéficas para a agricultura e vão melhorar o nível dos reservatórios, cessando temporariamente conversas sobre racionamentos.
O verão de 2014 foi um dos mais secos da história recente do país, trazendo o fantasma da falta d'água para a região metropolitana de São Paulo e problemas com geração das usinas hidrelétricas.
"No próximo verão, vamos ter bons episódios de chuvas, contudo não será nenhuma maravilha, não é chuva que regulariza sistemas, mananciais... tanto no Sudeste quanto no Centro-Oeste. Mas serão chuvas muito melhores que no verão de 2014", disse o meteorologista Marco Antonio dos Santos, da Somar.
Se o El Niño, que se caracteriza pelo aquecimento da superfície das águas equatoriais do Oceano Pacífico fosse forte, aí sim o centro-sul brasileiro teria chuvas expressivas, o que poderia dar folga aos reservatórios, enquanto o Nordeste sofreria com uma seca severa.
Embora se espere um verão mais chuvoso no país, a Somar não descarta alguns períodos curtos de estiagem e alerta que o Rio Grande do Sul pode ver proporcionalmente menos chuva do que outras regiões, com um El Niño mais fraco.
Para exemplificar, em algumas áreas do centro-sul do Brasil, o próximo verão poderia ter chuvas acumuladas de 500 a 700 milímetros, ante uma média histórica de 500 mm e apenas 200 mm do último verão, disse Santos.
A temporada mais quente do Brasil em 2015, em resumo, seria muito semelhante à de 2013.
Primavera
No padrão climático do atual El Niño, as chuvas da primavera, prestes a começar, vão chegar com grande irregularidade nos próximos 30 dias, para Centro-Oeste e Sudeste, ficando mais concentradas no Sul.
Isso afetará o plantio do arroz e prejudicará as lavouras de trigo, especialmente as mais tardias, no Rio Grande do Sul.
No Centro-Oeste e Sudeste, até a regularização das chuvas, que deve ocorrer na segunda quinzena de outubro, o plantio das lavouras de verão, como soja, milho e feijão, além das hortaliças, será dificultado.
"Em São Paulo ainda chove um pouco melhor (no final de setembro), pois vamos ter a passagem de duas frentes frias, neste final de semana e no final de semana que vem, que trarão chuvas para o sul e leste de São Paulo, pegando um pouco do extremo sul de Minas Gerais", projetou Santos.
Uma regularização antecipada de chuvas de primavera, que não virá como o esperado anteriormente, diante do El Niño fraco, seria importante para produtores de soja anteciparem o plantio com vistas em uma segunda safra de milho --e algodão em algumas áreas-- semeada dentro da janela ideal de clima.
Mesmo assim, o plantio de soja da safra 2014/15 está começando em Mato Grosso, Estado que responde por cerca de 30 por cento da produção do grão no Brasil, o segundo produtor mundial atrás dos Estados Unidos.
Alguns produtores, portanto, estão arriscando plantar sem a regularização das precipitações, algo que não afeta as perspectivas gerais de uma safra recorde, com um forte crescimento de área e boa umidade esperada no verão.
Produtores de café e cana do centro-sul, afetados pela forte seca do início do ano e também por chuvas fracas nos últimos meses, também deverão ser beneficiados por maiores volumes de chuvas a partir de meados de outubro.
No caso do café, a colheita de 2014 está quase concluída, e os cafeicultores no maior produtor global esperam umidade para uma boa florada para 2015.
Na cana, chuvas antecipadas poderiam beneficiar o desenvolvimento da safra de 2015, embora possam afetar a parte final da moagem de 2014.
(Por Roberto Samora, com edição de Gustavo Bonato)
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