Deputado Moisés Braz reconhece algumas falhas do Governo, mas não
concorda com as afirmações de oposicionistas de que a presidente mentiu
para os eleitores
A difícil situação econômica do País, as denúncias de corrupção na
Petrobras e as medidas de contingência tomadas pela presidente Dilma
Rousseff foram responsáveis não só pela queda da aprovação do Governo
Federal, conforme pesquisa divulgada pela Folha de S. Paulo no último
domingo (8), mas acabaram gerando também insatisfação dentro da própria
agremiação. Para a bancada petista na Assembleia Legislativa, o Governo
precisa mudar a forma como está operando no plano federal.
Na visão do deputado Elmano de Freitas (PT), o Governo Federal errou
tanto ao demorar exonerar a diretoria da Petrobras, após as denúncias de
corrupção na estatal, como ao anunciar medidas que ferem direitos
trabalhistas sem o devido diálogo com os trabalhadores. Para o
parlamentar, os dois erros são os principais motivos, juntamente com o
receio da população sobre a situação econômica do País, para o drástico
aumento da desaprovação do Governo.
Conforme a publicação, a parcela da população que considera o Governo
ruim ou péssimo subiu de 24% em dezembro para 44% em fevereiro, enquanto
o índice daqueles que o consideram bom ou ótimo caiu de 42% para 23% no
mesmo período. As marcas registram o pior momento vivido pela gestão
petista em doze anos, inclusive na Região Nordeste, onde sempre o apoio
foi bem significativo.
Revogação
"Acho que o governo errou. (Antes de realizar os cortes) deveria ter
iniciado uma conversa com os trabalhadores para debater sobre os
benefícios trabalhistas e até mesmo comunicar antes à população para que
ela pudesse entender a razão das, e não passar a ideia - que acabou
passando - de que o governo não cumpriu promessas", enfatiza o deputado
petista.
Segundo ele, nesse assunto, a posição do partido não é a mesma de
Dilma. "Nesse momento, não estamos com o Governo", declarou Elmano,
afirmando ainda que irá apoiar a Central Única dos Trabalhadores (CUT)
no pedido de revogação das medidas provisórias promulgadas pela
presidente Dilma, que reduzem medidas trabalhistas relacionadas ao
seguro-desemprego e ao seguro-defeso.
O deputado Moisés Braz (PT) também admitiu que o Governo Federal
precisa dialogar mais com as centrais sindicais e com as classes
trabalhadoras, colocando-se contrário a novas medidas que sacrifiquem
direitos trabalhistas. "Não acho que mais cortes, mais arrocho, vai
ajudar a melhorar a preferência (ao Governo) nem ajudar no crescimento
(econômico). Qualquer arrocho, daqui pra frente, traz mais crise",
apontou.
Ele, entretanto, discorda de opositores que afirmam que a presidente
mentiu ao povo brasileiro. "Não é procedente. Não acho que a presidenta
usou de má-fé nem mentiu, porque quem criou essa quantidade de empregos
foi o Governo Dilma e o Lula. Por que ela teria motivo para mentir? A
crise internacional fez com que ela tivesse que tomar medidas que
descontentaram tanto a base como a oposição", pontuou.
Para Elmano, é necessário que o partido tome uma posição dura contra
correligionários que estejam envolvidos com corrupção para evitar
maiores desgastes. "Agora, na crise, o que não pode ter é conivência com
qualquer filiado que esteja envolvido com corrupção. O PT tem que
deixar claro que qualquer envolvido será expulso e defender isso com
muita radicalidade", defendeu o parlamentar.
Já em uma perspectiva a médio e longo prazos, o deputado afirmou que,
se o partido quiser ter uma perspectiva de futuro, precisa aproveitar
seu congresso, em junho, para começar a debater a reconstrução da
agremiação. "Depois de doze anos de Governo, é notório que o partido
sofra com o problema da acomodação. Precisamos fazer uma avaliação
pragmática".
DN
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