As
chuvas caídas até aqui neste mês surpreendem pela intensidade. Para se
ter uma ideia, o volume mensurado até ontem pela Fundação Cearense de
Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), 189,3 milímetros, é quase
sete vezes maior do que o registrado em igual período de 2015 (27,8mm).
Faltando seis dias para encerrar o mês, é provável que este janeiro se torne o mais chuvoso dos últimos 12 anos. A média histórica das precipitações referente aos primeiros 30 dias do ano é de 98,7. Portanto, já foi praticamente dobrada, pois o desvio positivo até ontem era de 91,8%. De 2000 para cá, só choveu tanto no mesmo período em 2002 (245 milímetros) em 2004 (406) e em 2011 (212,8), marca prestes a ser ultrapassada nos próximos dias.
Apesar disso, a Funceme lembra que janeiro não faz parte da quadra chuvosa do Estado, que vai de fevereiro a maio, e que, por isso mesmo, mantém a previsão de inverno abaixo da média. Nos últimos quatro anos - de 2012 a 2015 -, a Fundação acertou seus prognósticos, a despeito de críticas recebidas antes da conclusão do ciclo.
Fenômenos
O presidente da Fundação, Eduardo Sávio Martins, expõe que, por serem frutos de fenômenos diferentes, as características climáticas de janeiro e do período seguinte, que segue entre fevereiro e maio, devem ser dissociadas uma da outra. "As chuvas do mês de janeiro, ou da pré-estação, entre dezembro e meados de fevereiro, são provocadas por vórtices ciclônicos de altos níveis, enquanto as chuvas da estação, entre fevereiro e maio, são, em geral, provocadas pela Zona de Convergência Tropical".
Mesmo que não sejam a marca do período que está por vir, o volume pluviométrico dos primeiros dias do ano já é visto como importante para aliviar a escassez de água. O Comitê de Monitoramento da Situação do Semiárido Cearense, célula do Governo Estadual para discutir estratégias contra a seca, afirma que as precipitações deste mês de janeiro ajudaram a estabilizar o nível dos reservatórios cearenses, que se mantêm em 12,5%, garantindo que não haja a perda de volume de água.
Em meio às chuvas, durante o último fim de semana, o Sistema de Monitoramento de Descargas Atmosféricas da Companhia Energética do Ceará (Coelce) registrou a ocorrência de 2.391 raios em todo o Estado. Calculando-se a partir do primeiro dia do ano, até domingo (24), 8.537 descargas foram contabilizadas.
O município de Tauá recebeu 648 raios, sendo a localidade com maior incidência do fenômeno, seguido por Independência (558) e Santa Quitéria (534). A Coelce alerta para o risco de acidentes, sugerindo que seja evitado o uso de aparelhos domésticos conectados à tomada, chuveiros elétricos e o conserto de instalações elétricas.
Fonte: Diário do Nordeste
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