Um minucioso e sigiloso dossiê elaborado pelo Serviço de Inteligência do Comando Geral da Polícia Militar, revelando a presença em Fortaleza e as atividades do bandido “número dois” da facção PCC, foi ignorado e arquivado pela Segurança Pública e Defesa Social do Ceará. A informação também não chegou aos ouvidos do governador Camilo Santana (PT) e este passou a insistir que a facção não havia se instalado no Ceará.
O fato só veio à tona após a Polícia Federal anunciar na Imprensa nacional, há duas semanas, a prisão, na Capital cearense, do irmão de Marcos William Herbas Camacho, o “Marcola”. O bandido se passava por cidadão na Capital cearense, morava numa mansão no bairro Sapiranga e se identificava como comerciante do ramo de venda de automóveis de luxo.
Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior transitava intensamente entre São Paulo e o Ceará. Passava os fins de semana com a família, em Fortaleza, e na segunda-feira voava para a capital paulista, onde tratava dos negócios criminosos do PCC em nome do irmão, que está atrás das grades. Nessas idas e vindas na conexão Nordeste-Sudeste, ele passou a ser vigiado pela Inteligência do Comando-Geral da PM. O dossiê foi encaminhado ao secretário Delci Teixeira, mas não recebeu a devida atenção na SSPDS.
Informações que circularam nas redes sociais – não confirmadas pelas autoridades – indicam que “Júnior” chegou a registrar um Boletim de Ocorrência (B.O.) em uma delegacia da Capital usando seu nome verdadeiro. Ainda assim, sua presença não despertou a atenção das autoridades policiais locais, até que a Polícia Federal o localizou em Fortaleza.
Aqui, ele comandava a chegada de remessas constantes de cocaína, trazida da Bolívia e do Paraguai, através de uma rota internacional do narcotráfico que passava por vários estados brasileiros até, finalmente, a droga chegar às mãos de seus destinatários no Brasil e na Europa. São Paulo e Fortaleza eram os pontos de envido da cocaína para o exterior.
Na roda
“Júnior Marcola” foi preso em sua confortável casa. A PF não teve nenhuma dificuldade em encontrá-los, haja visto sua vida de ostentação na Capital cearense, nas barbas da Polícia local. Há quem diga que teria sido ele também o mentor da celebração de um pacto de trégua entre as gangues de traficantes da Sapiranga, bairro onde ele residia com a família.
O bandido teve prisão decretada pela Justiça paulista à pedido da PF durante a investigação batizada pelos federais como “Operação Quinta Roda” (a cocaína era escondida em pneus de reserva em caminhões e carretas que faziam o trajeto do Centro-Oeste até São Paulo e Fortaleza).
Por FERNANDO RIBEIRO
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