Para Camilo, intimidações são reação a medidas do Estado como a aprovação da lei que bloqueia o sinal de celulares nos presídios e a transferência de presos
Thiago Paiva
thiagopaiva@opovo.com.br
O governador Camilo Santana (PT) afirmou que nos últimos meses sofreu ameaças de morte anônimas, que teriam partido de membros de facções criminosas que atuam no Ceará. Tentativas de intimidação materializadas através de mensagens para os perfis pessoais do chefe do Executivo Estadual nas redes sociais e telefonemas. Segundo ele, as ações seriam uma retaliação à postura do Estado em combater a criminalidade e fariam parte da série de atentados registrados no Estado desde o início do ano.
“Já recebi ameaças por Facebook e ameaças anônimas. E se isso é uma tentativa de intimidar o governador, nós não vamos nos intimidar. Vamos continuar trabalhando firme e forte”, assegurou, sem dar detalhes. As declarações foram feitas durante o lançamento do Bilhete Único Intermunicipal, realizado pela manhã, em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).
Para Camilo, o motivo das ameaças está relacionado às ferramentas utilizadas pelo Governo no combate à criminalidade, como a aprovação da lei que objetiva o bloqueio do sinal de celulares nos presídios estaduais — que ainda não foi regulamentada — e as transferências de detentos considerados de alta periculosidade para presídios federais.
“Já transferimos 13 grandes criminosos do Ceará para o Mato Grosso, para Rondônia, presídios federais que têm um controle muito mais rigoroso que os presídios estaduais, inclusive com bloqueio de celular. E tudo o que eles não querem é ir pra presídio federal. Nós já transferimos 13 e vamos continuar transferindo”, reagiu.
Desde janeiro, 28 atentados ou ameaças foram registrados no Ceará. Destes, 13 ocorreram entre os dias 2 e 6 de março, na Grande Fortaleza. Outras 15 ações criminosas se deram entre os dias 5 e 21 abril, em vários municípios. Prédios e veículos, públicos e privados, foram atacados.
Na ocasião, O POVO divulgou que a maioria dos ataques teria sido ordenada de dentro dos presídios do Estado, como a ameaça com carro-bomba deixado próximo à Assembleia Legislativa, cuja ordem partiu de dentro da penitenciária de Pacatuba.
Facções
De início, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) negou a versão. Porém, com o avanço das investigações, através de entrevistas concedidas por delegados de Polícia Civil, a pasta admitiu que parte dos atos foram ordenados por membros de facções criminosas, como o Comando Vermelho (CV), que teve um dos membro presos esta semana pelo ataque ao 23º Distrito Policial, no Conjunto Nova Metrópole, em Caucaia.
Já a denúncia anônima alertando para uma ameaça de bomba no prédio do Fórum Clóvis Beviláqua, na última quarta-feira, teria sido feita por um telefonema anônimo que partiu do Estado do Piauí, segundo o governador.
“Está se tentado criar uma desestabilização da Segurança Pública. Precisamos ter muita responsabilidade, mas nós não vamos abrir um milímetro sequer em combater o crime no Estado do Ceará”, completou.
O POVO
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