O bloqueio a distribuidoras de combustíveis em protesto contra os altos
preços já causou um prejuízo de cerca de R$ 40 milhões ao setor,
segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no
Estado de Goiás (Sindiposto). O ato começou na segunda-feira (13)
e impediu a circulação de caminhões para transportar o produto em sete
polos. Porém, os manifestantes saíram de três deles após decisões
judiciais. Pelo menos 60 cidades goianas são afetadas pelo
desabastecimento, sendo que em 15 não há etanol e gasolina nas bombas.
O movimento é organizado por motoristas, caminhoneiros, taxistas,
mototaxistas e motoristas de aplicativos de transporte particular.
Segundo o representante do Sindiposto, Antônio Carlos de Lima, a cada
dia parado, seis milhões de litros de combustíveis deixam de ser
transportados.
“Somando o valor do diesel, etanol e gasolina, fazendo a média entre
eles e multiplicando pela quantidade de litros que deixaram de ser
vendidos segunda e terça totaliza quase R$ 40 milhões que deixaram de
circular”, explicou.
Porém, o valor pode aumentar, pois parte das distribuidoras segue
bloqueada e as que foram liberadas ainda não estão operando devido ao
feriado da Proclamação da República. A previsão é que a situação só
comece a ser normalizada na quinta-feira (16).
“Hoje, mesmo sendo feriado, mais de 100 caminhões [que já estavam
carregados quando o protesto começou] já saíram. A gente espera que, por
uma questão de logística, à meia-noite, os caminhões que estavam de
fora consigam entrar e, a partir das 6h de quinta-feira, consigam fazer a
distribuição para os postos”, disse.
Apesar dessa liberação, o preço nas bombas deve continuar elevado. “O
problema total é a Petrobras. Somente em novembro foram oito aumentos,
totalizando 8,5%. De janeiro até a data de hoje, foram quase 40% de
aumento. Os postos repassam esse aumento. Se a Petrobras segura uma
semana sem aumento, com certeza o combustível iria abaixar”, justificou.
Em nota, a Petrobras informou que o petróleo tem os preços atrelados ao
mercado internacional e às cotações variam diariamente. Ela explicou
ainda que tem responsabilidade sobre apenas 29% do preço final do
produto.
Desabastecimento
Ainda de acordo com o Sindiposto, pelo menos 60 cidades goianas estão com falta de algum combustível.
Destas, 15 não têm nem etanol e nem gasolina nas bombas. Em Goiânia,
até a tarde desta quarta-feira (15), 70 estabelecimentos enfrentam algum
tipo de desabastecimento.
Com medo de não conseguirem abastecer, muitos motoristas enfrentaram
longas filas para conseguir combustível. Além da longa espera, também
tiveram que encarar o preço elevado. No estado, o litro da gasolina
chega a R$ 4,99 e o etanol a R$ 3,74.
Liberação
Desde segunda-feira, os manifestantes bloquearam a entrada de sete
polos de distribuição: dois em Goiânia e cinco em Senador Canedo. Porém,
na manhã desta quarta-feira (15), uma distribuidora na capital e duas
na Região Metropolitana foram liberadas.
“Saímos devido a ordens judiciais que recebemos da Justiça em Senador
Canedo e Goiânia. Mas o movimento vai continuar nos demais pontos. E
vamos recorrer das decisões”, contou Fabrício Nélio Feitosa, um dos
representantes do movimento.
Recomendação
O Ministério Público recomendou aos postos de combustíveis de Goiás que
retomem a margem de lucro bruta média praticada em julho deste ano,
antes dos sucessivos reajustes de preço em Goiânia. O documento foi
emitido na terça-feira (14), após a Superintendência Estadual de
Proteção aos Direitos do Consumidor (Procon-GO) propôs uma ação contra 60 postos de combustíveis suspeitos de aumento abusivo no valor do etanol.
Segundo o Procon, alguns estabelecimentos tiveram lucro de até 120% em
Goiânia. O reajuste também influencia no valor da gasolina. Conforme o
levantamento do órgão, o lucro bruto dos postos de combustíveis saltou
de R$ 0,24 para R$ 0,53 por litro de etanol vendido em alguns locais.
Foi constatado que o reajuste nas distribuidoras foi de 3,55% no período
de julho a novembro. Já nas bombas, esse índice foi de 14,29%.
No documento, o Ministério Público pede para o que Sindiposto notifique
os estabelecimentos conveniados da recomendação em até cinco dias. O
órgão destacou ainda que isso não tem o objetivo de “fixação de preços
ao consumidor, uma vez que é recomendada a retomada da margem de lucro
média bruta, específica de cada estabelecimento, que incidirá sobre os
preços repassados pela Petrobras”.
O Sindiposto informou que via cumprir a recomendação. “É consenso entre
os comerciantes fazer um pouco de esforços para segurar também, porque
com esse preço alto, caiu 20% a venda. O valor de julho estava bem
aquém. Então temos que ver as planilhas, as tabelas, mas todas as
decisões judiciais vão ser confirmadas”, disse Lima.
G1 Goiás
Nenhum comentário:
Postar um comentário